ATA DA DÉCIMA SEXTA SESSÃO SOLENE DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 28.06.1990.
Aos vinte e oito dias do mês de junho do ano de mil novecentos e noventa reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Décima Sexta Sessão Solene da Segunda Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura, destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadão Emérito a Elisa Verinha Romak Alves, Lary Hübner, Ubirajara Lauermann, Nelson Arisi, Francisco Renan Proença e Sérgio da Costa Franco. Às dezessete horas e cinco minutos, constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e solicitou aos Líderes de Bancada que conduzissem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Ver. Valdir Fraga, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Ver. Lauro Hagemann, Primeiro Secretário da Câmara Municipal de Porto Alegre; Senhora Elisa Verinha Romak, Senhor Lary Hübner, Senhor Ubirajara Lauermann, Senhor Nelson Arisi, Senhor Francisco Renan Proença e Senhor Sérgio da Costa Franco, Homenageados. A seguir, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, assistirem à execução do Hino Nacional. Após, fez pronunciamento alusivo ao evento, salientando que, nesta solenidade, estariam sendo homenageadas pessoas da sociedade porto-alegrense que, pelo seu trabalho, muito têm contribuído para essa comunidade. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Senhores Vereadores que falariam em nome da Casa e, também, discorreu sobre a nova dinâmica adotada por este Legislativo para a entrega dos Títulos de Cidadão Emérito. A Verª Letícia Arruda, como autora da proposição que concede o Título Honorífico de Cidadã Emérita à Senhora Elisa Verinha Romak, discorreu sobre o trabalho por ela realizado na área da educação, sobre os ideais que sempre a nortearam nesse campo, destacando e defendendo uma “escola ativa, criativa, crítica e que possibilite o livre pensar de alunos e mestres”. Salientou, ainda, seu trabalho junto à Escola São Judas Tadeu. A seguir, nos termos da Resolução nº 1031/89, a Verª Letícia Arruda procedeu à entrega do Título Honorífico de Cidadã Emérita à Srª Elisa Verinha Romak Alves que, em continuidade agradeceu a homenagem recebida. E, após, o Senhor Presidente anunciou a apresentação do Coral da Faculdade São Judas Tadeu, sob a regência do Professor Otto Follmann, que executou as canções: “Minuano”, “Para não dizer que não falei de flores” e “Gauchinha bem querer”. Em continuidade, o Ver. Vicente Dutra, como autor da proposição que concede o Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Senhor Lary Hübner e em nome deste Legislativo, discorreu sobre o trabalho realizado pelo Homenageado em prol da comunidade, especialmente através de sua atuação nos Conselhos Municipais, Rotary Club, Movimento Familiar Cristão e como funcionário da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Salientou a grandeza de espírito, abnegação e doação do Homenageado e cumprimentou-o pela eleição para governador do Rotary. Após, o Ver. Vicente Dutra procedeu à entrega do Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Senhor Lary Hübner, nos termos da Resolução nº 1014/89, o qual agradeceu a honraria recebida. O Ver. Martim Aranha, como autor da proposição que concede o Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Senhor Ubirajara Lauermann e em nome deste Legislativo, salientou a ação social desenvolvida pelo Homenageado, especialmente através do Lar dos Pequeninos de Jesus, entidade da qual é presidente, e sua dedicação à causa do excepcional. A seguir, o Ver. Martim Aranha procedeu à entrega do Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Senhor Ubirajara Lauermann, nos termos da Resolução nº 1000/88, o qual agradeceu o recebimento do Título Honorífico, saudando-o como “significatica comenda” e incentivo ao seu trabalho. O Ver. Cyro Martini, como autor das proposições que concedem os Títulos de Cidadãos Eméritos aos Senhores Nelson Arisi e Francisco Renan Proença, discorreu sobre a satisfação deste Legislativo em homenagear cidadãos que tanto têm feito e atuado para o bem da comunidade da Cidade de Porto Alegre e deste Estado, não apenas como empresários mas também na área filantrópica e social. Em continuidade, o Ver. Cyro Martini procedeu à entrega dos Títulos Honoríficos de Cidadãos Eméritos, respectivamente, aos Senhores Nelson Arisi, nos termos da Resolução nº 1038/90, e Francisco Renan Proença, nos termos da Resolução nº 1037, os quais, individualmente, agradeceram a honraria recebida. E o Ver. Nelson Castan, como autor da proposição que confere o Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Senhor Sérgio da Costa Franco e em nome deste Legislativo, falou dos motivos que o levaram a propor tal homenagem discorrendo sobre a relevância do trabalho realizado pelo homenageado, tanto na área do jornalismo como na historiografia desta Cidade e, também, na Literatura. Falando da competência do Homenageado como historiador, salientou que suas pesquisas representam um marco para o entendimento histórico desta Capital. Em prosseguimento, o Ver. Nelson Castan procedeu à entrega do Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Jornalista Sérgio da Costa Franco, nos termos da Resolução nº 1042/90, o qual agradeceu a homenagem recebida, salientando tratar-se de um estímulo para a realização de seu trabalho. Às dezoito horas e cinqüenta minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente levantou os trabalhos da presente Sessão, agradecendo a presença de todos e convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de manhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Ver. Valdir Fraga e secretariados pelo Ver. Lauro Hagemann. Do que eu, Lauro Hagemann, 1° Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, lida e aprovada, será assinada pelo Senhor Presidente e por mim.
O
SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga):
Estão abertos os trabalhos da presente Sessão Solene destinada à entrega do
título honorífico de Cidadão Emérito aos seguintes homenageados: (Menciona
nominalmente os agraciados.)
O
Legislativo Municipal sente-se muito honrado com a presença dos nossos
homenageados e de seus convidados. É uma honra muito grande para esta Casa
recebê-los.
Os
senhores e as senhoras estão reparando que estamos no Plenário Otávio Rocha. É
a segunda reunião que nós realizamos neste recinto. A primeira foi em 03 de
abril, quando da promulgação da Lei Orgânica, e agora com esta homenagem às
personalidades que desempenharam relevantes serviços à nossa Cidade, Projetos
esses aprovados por esta Casa, por indicação de vários companheiros Vereadores
que nós vamos citar a seguir. Mas não poderia deixar de fazer algumas
colocações referentes ao Plenário. Estamos aos poucos construindo, houve
algumas dificuldades, mas já dá para acomodar, estamos com quase 300, 350
pessoas. Temos mais um espaço, não só para política, mas também para momentos como
este, momentos culturais e também musicais.
Então,
é um prazer recebê-los. Nós ouviremos, com muito prazer, com muita honra, o
nosso Hino Nacional. Eu convido para que todos, em pé, acompanhem a execução.
(Execução do Hino
Nacional.)
O
SR. PRESIDENTE:
Convidamos a fazer uso da palavra a Verª Letícia Arruda, autora da proposição
que concede o título honorífico de Cidadã Emérita à Srª Elisa Verinha Romak
Alves.
A
SRA. LETÍCIA ARRUDA:
(Menciona os componentes da Mesa.) Senhores convidados, Srs. Vereadores,
senhoras e senhores.
Era
uma vez uma menina de nove anos que resolveu brincar de professora!
Desta
forma iniciamos nossa exposição de motivos na proposta encaminhada para
concessão do título honorífico de Cidadã Emérita à Senhora Elisa Verinha Romak Alves,
e da mesma forma a Professora iniciou sua vida profissional de educadora
dedicando-se neste espaço de tempo à educação.
Por
que educar? Porque educar é um comprometimento com a vida, portanto a nossa
Pedagogia é a busca constante da liberdade, e nós, que vivemos numa sociedade
desigual, observamos no dia-a-dia o desleixo com a Educação. Mas, ao mesmo
tempo, podemos nos espelhar na imagem de uma mulher forte, a nossa homenageada,
que enfrentou durante quarenta e quatro anos com coragem e decisão a luta
incessante para transformar o seu sonho em realidade.
Sua
grande luta era para transformar os garranchos iniciais de seus alunos em
palavras bem escritas, e as crianças se esforçavam para isso, pois era prêmio
passar a escrever a tinta, em cadernos de linguagem, de linhas simples. E ainda
havia tempo para o desenho, o canto e para as festinhas escolares.
Mas o
mais importante era aquele sacrifício silencioso da professora, compensado pelo
prazer de ensinar, de transmitir às crianças os conhecimentos e os recursos
básicos para vencer pela vida afora.
A
nossa homenageada, Elisa Verinha, pensou grande, quando em 1947, com o auxílio
de imigrantes, levantou um simples pavilhão de madeira para atender os alunos
do bairro. Naquele momento, era plantada a semente que germinou a Escola São
Judas Tadeu de primeiro e segundo graus.
O dom
de mestra e o amor às crianças foi um mérito que nasceu com a Professora Elisa.
Santo
Agostinho, no seu livro de Magistro, tem a expressão “Ama e faze o que queres”.
A criança acolhida pelo mestre, pelos colegas sente-se bem na escola,
facilmente se encaminha para a educação e ensino. Assim é pautada a vida da
Professora Elisa.
Uma
tarefa que é de todos, a educação acaba ficando nos ombros apenas dos
professores e de algumas comunidades, quando é obrigação em escalada
decrescente: primeiro dos Governos, depois dos pais e professores.
Nossa
grande esperança reside nos fortes que ainda estão no Magistério, clamando por
justiça e levantando bandeiras de luta, mesmo quando discriminados pela
repressão.
A
Professora Elisa integrou-se de corpo e alma à Escola São Judas Tadeu,
realizando seu grande sonho, o da criação das Faculdades de Ciências Contábeis
e Administrativas e a Faculdade de Formação de Professores, demonstrando para a
grande parcela de estudantes da nossa Porto Alegre, que passam pelos bancos
escolares deste modelar estabelecimento de ensino, a consciência dos deveres e
direitos políticos dos cidadãos, preparando-os para o seu livre exercício.
E é
isto o que queremos! Queremos uma escola ativa, viva, crítica, onde os
professores possam agir com liberdade de criação, descobrindo o porquê das
coisas, fazendo e deixando o aluno pensar, raciocinar, aprender e a explodir...
E Elisa conseguiu!
Receba do povo da cidade de Porto Alegre,
através de seus representantes, o reconhecimento da tua conquista histórica
educacional nesta longa caminhada de quarenta e quatro anos. Muito obrigada!
(Não
revisto pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE: Solicito
à Verª Letícia Arruda que proceda à entrega do título honorífico de Cidadã
Emérita à Srª Elisa Verinha Romak Alves.
(A
Verª Letícia Arruda procede à entrega do diploma à homenageada.)
O
SR. PRESIDENTE:
Concedemos a palavra à nossa homenageada.
A
SRA. ELISA VERINHA ROMAK ALVES:
(Menciona os componentes da Mesa.) Meus diletos convidados, meus senhores e
minhas senhoras. Neste dia de vital importância para mim, é com imensa
satisfação e com o coração transbordando de alegria e emoção, que desejo
agradecer à esta Casa, à comunidade da Zona Norte, bem como à eminente
Vereadora Letícia Arruda a homenagem com a qual estou sendo distinguida.
Peço,
no entanto, permissão para dedicar e dividir esta homenagem com aqueles que
comigo colaboraram para a concretização de um sonho que também é um ideal e que
teve seu início em 1946 num pequeno Pavilhão de Emergência construído por
imigrantes húngaros, alemães e italianos, aos quais em domingos e feriados
ministrei aulas do idioma pátrio.
Dedico
e ofereço em parte esta homenagem à minha querida mãe - a Profª Elisabeth -
conhecida por vó Elisabeth - já falecida; à minha estimada e dileta filha
Sandra, atualmente Diretora do Colégio São Judas Tadeu; aos imigrantes que me
auxiliaram na construção da primeira escolinha, aos dedicados professores cuja
colaboração foi e é imprescindível; aos funcionários sempre amigos e leais; a
esta Casa que já em 1957 dirigiu um apelo às autoridades educacionais; às
autoridades estaduais e municipais, em cujo programa de governo constava a
educação como uma das metas principais; e, finalmente, aos pais de alunos que
acreditaram e confiaram no meu trabalho, pois, o poder e a grandeza de uma
nação dependem do grau de cultura de seu povo.
O meu
grande sonho e ideal era: a construção de uma escola para os meus pequeninos
alunos do Passo da Mangueira - hoje Bairro Cristo Redentor - Zona Norte.
Passados
quarenta e quatro anos de labuta e dedicação, considero-me compensada com a
concretização deste sonho, pois hoje encontro-me frente a frente com a minha
Escola e Faculdade São Judas Tadeu, num total de 3.000 alunos.
Considero-me
uma pessoa feliz e realizada, pois o Criador, Arquiteto do Universo,
concedeu-me a graça de estar rodeada e sempre me deparar com pessoas que de uma
maneira ou de outra colaboraram para atingir este meu objetivo; e sem toda esta
colaboração, não creio que tivesse sido possível estar aqui hoje presente nesta
confraternização, pois como diz o adágio popular: “Uma andorinha não faz
verão”.
Muito
obrigada a todos, a esta Casa da leal e valerosa cidade de Porto Alegre, às
pessoas de meu relacionamento hoje aqui presentes por estes momentos de
felicidade inesquecíveis que me proporcionaram.
(Não
revisto pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE: Anuncio
a apresentação do Coral da Faculdade São Judas Tadeu, sob a regência do Prof.
Otto Follmann, que executará as canções: “Minuano”, “Para não dizer que não
falei de flores” e “Gauchinha bem querer”.
(Apresentação do Coral.)
(Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE: Com a
palavra o Ver. Vicente Dutra, proponente da homenagem ao Sr. Lary Hübner.
O
SR. VICENTE DUTRA:
(Menciona os componentes da Mesa.) O caxiense Lary Hübner viveu quase toda a
sua vida em Porto Alegre e dedicou não só o seu talento como também toda a sua
vocação de solidariedade para com o ser humano. Foi por esta razão que ele nos
proporcionou a feliz oportunidade do convívio, e talvez por esta mesma razão
dispensasse qualquer apresentação. Quem não conhece, hoje, os resultados do
incansável trabalho de Lary Hübner por Porto Alegre e sua gente, cujo
Parlamento se reúne, aqui, neste momento, para em nome do povo, retribuir-lhe
com a mais forte das moedas: a gratidão.
De
invejável formação cultural - iniciada no Colégio Nossa Senhora das Dores e
passando para a Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal, onde colou
grau em 1953 - Lary Hübner começou sua trajetória de serviços públicos - que
ninguém há de esquecer - estudante ainda, quando ingressou nos quadros da
Prefeitura da Capital, em 1952, deixando antever o destino de quem passaria a
vida servindo - com o melhor dos serviços - a população da nossa terra.
Arquiteto de renome e de competência não ficou limitado, contudo, à excelente
retrospectiva de trabalho profissional que desenvolveu em seus trinta e cinco
anos na Municipalidade, onde foi assistente técnico, chefe do Serviço de Prédios,
chefe da Seção de Estudos e Projetos e chefe da Seção de Obras da
posteriormente criada Secretaria Municipal de Educação. Na verdade, foi muito
além. Destacou-se por sua atividade no trabalho comunitário, cuja relação de
instituições beneficiadas não pode ser, toda ela, aqui citada - incomensurável
que é -, mas que merece de nós alguns exemplos: os Conselhos do Colégio
Gloriense, Paroquial Nossa Senhora da Glória, Comunitário da Glória, Fundação
dos Rotarianos de Porto Alegre, do Teresópolis Tênis Clube, do Rotary Clube de
Porto Alegre e do Conselho Estadual do Idoso.
Prestou,
ainda inestimáveis serviços à Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais, da
qual é conselheiro e da qual foi, igualmente, seu presidente. E arrola na
bagagem de trabalho atuações no Movimento Familiar Cristão, Encontro de Casais
e Movimento e Luz.
Em
verdade não seria preciso alinhar, aqui, nenhuma outra contribuição social de
Lary Hübner para justificar esta homenagem cuja iniciativa já faz parte de meu
dever cumprido, e que meus pares, nesta Casa, tão sabiamente reconheceram,
aprovando-a de modo unânime. Na verdade, Lary Hübner prescinde de
justificativas. Sua folha de serviços, sua grandeza moral, sua capacidade
profissional falam por elas. Mas nem mesmo essa desobrigação nos autoriza a
silenciar sobre tudo o mais que Lary Hübner fez por nós.
Rotariano
de todas as horas, onde tenho o privilégio de presenciar algumas das suas
notáveis iniciativas. Ingressou no Rotary Club de Porto Alegre Sudeste em 1968,
e foi seu presidente, secretário, segundo tesoureiro, diretor de Serviços
Profissionais e diretor de Serviços à Comunidade por duas vezes; foi sócio
honorário nos anos de 1977, 1978 e 1979. No Rotary Club de Porto Alegre Glória
Teresópolis; como seu sócio fundador desde 1981. Foi diretor das 4 avenidas,
protocolo, tesoureiro adjunto e presidente. Em 1972, como diretor de Serviço à
Comunidade do Rotary fundou o Rotaract Club de Porto Alegre Sudeste e, em 1975
coordenou o terceiro Encontro Nacional de Rotaract Club; coordenou a primeira
Conferência do Rotaract Club Porto Alegre Glória Teresópolis e foi assistente
daquela entidade durante sete anos.
Entre
os anos de 1974 e 1976 exerceu a função de presidente da Comissão Distrital de
Serviço à Comunidade Mundial, e na década de 80 foi representante do governador
para a fundação do Rotary Club Glória Teresópolis, membro da Comissão Distrital
de Expansão, presidente da Comissão Distrital da Interact-Rotaract e presidente
da Comissão de Expansão. Foi líder de grupo na Assembléia Distrital Seccional
de Porto Alegre, quando apresentou dois trabalhos, intitulados Serviços à
Comunidade e Atividades Pró-Juventude. Na Fundação dos Rotarianos de Porto
Alegre foi conselheiro, por duas vezes, foi seu vice-presidente e, por três
vezes, presidente. Foi também presidente da Comissão de Bolsas de Estudos e,
entre 1970 e 1988, foi o coordenador da primeira fase do programa denominado o
Melhor Companheiro. Em 1976 fundou o Probus Club de Porto Alegre Glória.
Dentro
de 24 horas Lary Hübner estará assumindo a Governadoria do Distrito 468 de
Rotary Internacional, comandando quarenta e dois clubes em trinta e nove
municípios e cerca de mil e duzentos rotarianos. A indicação e eleição para
este cargo máximo do Distrito resultou da magnífica atuação de Lary Hübner como
rotariano, incansável em servir.
Amanhã,
Porto Alegre terá o seu novo Cidadão Emérito recebendo o comando da
Governadoria do Distrito 468, e este fato orgulha a todos e valoriza o ato dos
Vereadores quando, por unanimidade, lhe outorgaram este título.
Amigo
Lary, nestas horas que antecedem a investidura na Governadoria, traduzo o
desejo desta Casa de que a tua gestão seja coroada de êxitos e que a
extraordinária experiência que adquiriste no trato dos assuntos comunitários e
sociais conduza o teu governo de forma suave e harmoniosa - contudo determinada
e realizadora -, assim, exatamente assim, como tu és, como sempre ages em todos
os empreendimentos que já destacamos. Que nesta missão, como sempre, tenhas a
permanente companhia da tua querida Maria Eugênia, companheira de todas as
horas, e incentivadora de tuas ações em prol dos necessitados.
Os
filhos, Eduardo, Maria Inês e Eugênio, a nora Cláudia e a netinha Clarissa,
serão, certamente, privados de horas da presença do querido casal, mas saberão
compreender mais uma vez que Lary e Maria Eugênia estarão servindo a uma causa
nobre e os incentivarão nesta caminhada.
A ti,
Lary, nossa gratidão simbolizada neste título.
Muito
obrigado por tudo. E na tua estafante jornada que inicias em poucas horas como
Governador de Rotary, conta com esta Casa que tem orgulho de seu ilustre
Cidadão Emérito.
Que
Deus te acompanhe. Obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE:
Convidamos o Ver. Vicente Dutra a fazer a entrega do título honorífico de
Cidadão Emérito ao nosso homenageado, Dr. Lary Hübner.
(É
feita a entrega do diploma ao homenageado.) (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE: Concedemos
a palavra ao nosso homenageado.
O
SR. LARY HÜBNER: Sr.
Presidente da Câmara, Srs.Vereadores, companheiros agraciados com este título,
senhoras e senhores. Há vinte anos, quando trabalhava no Conselho Comunitário
de Assistência ao Presidiário, um trabalho não muito bem reconhecido e que
poucas pessoas nos ajudavam, estou lembrado que em dois mil ofícios que fizemos
recebemos doação de três empresas e muitas empresas diziam porque que estávamos
naquele trabalho e não procurávamos outro trabalho, por exemplo, de
excepcionais, e sim ajudar aquelas famílias daqueles presos que estavam na
miséria.
E
para surpresa nossa um dia apareceu alguém, nesses dois anos de trabalho, que
quisesse saber o que estávamos fazendo; ficou conosco horas me perguntando e
sabendo que tipo de trabalho podia se fazer, como se atingia as vilas e as
famílias dos presidiários. Mais tarde, quando começamos a trabalhar no Amparo
Santa Cruz, questão de alguns meses depois tivemos novo encontro com este
jovem, não tão jovem assim, também trabalhando para os filhos dos hansenianos.
E ficamos aí muitos anos. Este companheiro é o companheiro Vicente Dutra que realmente
a população já o homenageou trazendo ele para Vereador nosso. E assim nós temos
na Casa lembranças de homens assim como inclusive o nosso companheiro
Presidente que realmente dignificam Porto Alegre.
Este
prêmio eu levo também como uma homenagem à família. Quando eu soube e soubemos
que estavam reunidas muitas senhoras, que seria agraciado com esse prêmio, elas
reunidas disseram, mas a Maria Eugênia? Aí Vicente Dutra disse, não, o prêmio
é da família. Então, realmente, acho que ninguém pode ter bom êxito nesse
trabalho comunitário sem a participação de toda a família, principalmente da
esposa, então eu levo também, meu Presidente, como homenagem à Maria Eugênia.
Mas,
para encerrar, gostaria de lembrar a figura, médico, humanitário, que atendia
gratuitamente na Paróquia da Glória, numa sala simples, toda população pobre do
nosso bairro: era o Dr. Leônidas Machado. Quando ele terminou de atender três
mil pessoas daquelas vilas, o Dr. Leônidas foi homenageado pelo nosso Rotary.
Éramos duzentas pessoas, sendo que cinqüenta rotarianos, e ele disse que se
aqueles jovens, cinqüenta rotarianos, estavam a homenageá-lo é porque realmente
ele estava fazendo um trabalho sério. Eu lembro este fato para dizer que hoje
nós temos outra consciência. Se naquela época o Dr. Leônidas tinha dúvidas,
hoje não temos mais. Há uma necessidade de esse trabalho hoje cada vez aumentar
mais. Hoje nós trabalhamos mais em equipe, ninguém ganha um prêmio sozinho. Eu,
então, recebo esse prêmio como homenagem a equipe que tem trabalhado,
principalmente aquela que trabalhou no tempo do Dr. Leônidas. Muito obrigado.
(Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE:
Concedemos a palavra ao Ver. Martim Aranha Filho, proponente da homenagem ao
Sr. Ubirajara Lauermann.
O
SR. MARTIM ARANHA:
(Menciona os componentes da Mesa.) Ubirajara Lauermann, meu homenageado, é uma
pessoa muito humilde e, quando lhe disse da minha iniciativa, quase que negou,
pensou um pouco mais e me perguntou se esta homenagem não poderia ser feita a
sua entidade, o Lar dos Pequeninos de Jesus. Disse-lhe que a homenagem era à
pessoa do Presidente da Entidade, mas que as suas mais de cento e cinqüenta
crianças carentes, deficientes, exigiam que esta homenagem fosse dada a
Ubirajara Lauermann. O pedido dessas crianças encantou a Câmara de Vereadores
que, por unanimidade, aprovou a outorga do título de Cidadão Emérito a
Ubirajara Lauermann. E incansável em suas atividades. Estas cento e cinqüenta
crianças transformam por completo a vida de Ubirajara Lauermann. Comerciante,
sócio da Empresa Tamaco, juntamente com outro homenageado, meu companheiro,
Presidente do meu Rotary, Nelson Arisi, faz do Tio Bira, assim como chamam as
suas crianças, as mais de cento e cinqüenta crianças, faz do Tio Bira um
incansável batalhador pela causa do excepcional. Este reconhecimento, Bira, Tio
Bira, é da Câmara, é dos Vereadores de Porto Alegre, que representam a cidade
de Porto Alegre.
Deixo,
portanto, Bira, de discorrer sobre o teu curriculum vitae e faço esta
homenagem em nome da Casa a ti, Cidadão Emérito de Porto Alegre, numa
solicitação das tuas crianças, das mais de cento e cinqüenta crianças do Lar
dos Pequeninos de Jesus, porque Ubirajara Lauermann se confunde com o Lar dos
Pequeninos de Jesus, e a Entidade se confunde com Ubirajara Lauermann. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Solicito
ao Ver. Martim Aranha Filho que proceda à entrega do título honorífico de
Cidadão Emérito ao Sr. Ubirajara Lauermann.
(O
Ver. Martim Aranha Filho faz a entrega do diploma ao homenageado.) (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE: Com a
palavra o nosso homenageado, Sr. Ubirajara Lauermann.
O
SR. UBIRAJARA LAUERMANN:
Exmº Sr. Ver. Valdir Fraga, Presidente da Câmara Municipal de Porto
Alegre; Exmº Sr. Ver. Aranha Filho; demais Vereadores; Srs.
Convidados; Srs. Homenageados. Ao receber este título honorífico de Cidadão
Emérito da cidade de Porto Alegre, cabe-me fazer alguns oportunos
esclarecimentos.
Convidado
que fui pelo Vereador Martim Aranha Filho, a aceitar a indicação de meu nome para
recebimento desta honrosa e singular homenagem, relutei muito em aceitá-la,
pois tenho a convicção que outros concidadãos teriam maior e mais justo
merecimento, entretanto por constrangimento compete-me, e faço minhas as
palavras de Mário Quintana, ao receber uma homenagem em bronze: “Um erro em
bronze é um erro eterno...”
Consciente
de que a presente indicação de minha pessoa, decorre diretamente de nossa
atuação pessoal junto ao Instituto Espírita Irmãos de Boa Vontade, entidade
reconhecida como de utilidade pública municipal, estadual e federal, fundada no
longínquo 3 de fevereiro de 1949, nesta cidade, que é mantenedora de uma escola
de 1º grau incompleto com currículo suprindo jardim de infância, 1ª, 2ª, 3ª e
4ª séries, atendendo diariamente mais ou menos 150 crianças dos 5 aos 15 anos,
todas carentes e desassistidas, oferecendo-lhes três refeições diárias de
segunda a sexta-feira, mais passagem e material escolar. Possui ainda em seu
quadro de atendimento, classes especiais em auxílio a excepcionais carentes,
uma voltada para os treináveis e outra para os educáveis.
Paralelamente
ao atendimento escolar dispensado, mantemos ainda uma Clínica de Reabilitação,
contando com uma equipe de técnicos especializados em psicologia, odonto,
medicina neurológica, fonoaudiologista, psicomotricista, assistente social,
professora profissionalizante, além de um corpo docente voltado para o menor
excepcional.
Desenvolvemos
ainda uma atividade de confecção e coleta de roupas usadas, angariadas por
campanhas permanentes junto a comunidade, cujos donativos na sociedade são
tratados adequadamente com consertos, lavagem e reparos necessários para terem
condições de uso e serem distribuídos à recém-nascidos, educandos e familiares
assistidos pela instituição, cujo benefício estende-se ainda a distribuição de
gêneros alimentícios, com vistas a oferecer a estas pessoas condições mínimas
de subsistência e dignidade de existência humana.
Minha
decisão em aquiescer ao recebimento de tão significativa comenda, decorre do
dever de consciência que tenho, de vê-la nascido da representação da Entidade
que presido há dez anos e na qual atuo há mais de vinte ininterruptamente, face
ao que peço a todos os presentes, não visualizarem neste instante o cidadão
Ubirajara Lauermann, e, sim, o dirigente e colaborador dedicado a uma
Instituição, cujo mérito a tudo se sobrepõe.
Esta
homenagem repetimos, não a tomamos em caráter pessoal, mas ao resultado de um
esforço que não é e nem poderia ser meu somente, mas de um grupo coeso que, um
dia uniu-se imbuído de um ideal de solidariedade humana, que está sintetizado
nos preceitos doutrinários que o Espiritismo nos oferece, e que esta
Instituição nos oportunizou a sua materialização, com esforço constante e
perseverante, cujos frutos pequenos ainda, serve a comunidade em que nasci e
que, elegi por minha verdadeiramente.
Não
desejo findar este breve colóquio sem antes tecer alguns justos agradecimentos,
que me sinto no dever de fazê-lo. Ao ilustre Vereador Martim Aranha Filho, pelo
seu empenho e pessoal reconhecimento à obra de nossa Instituição, que o levou a
fazer nos pinçar injustamente a esta homenagem da qual, não nos sentimos
absolutamente merecedores; aos companheiros de Diretoria, que conosco dividem o
suor e as pesadas angustias de manter o dia a dia de uma instituição que, como
tantas outras nestes dias, desesperadamente luta tenazmente pela sua
sobrevivência, diária; aos funcionários da nossa Instituição, anônimos
lidadores da obra em silêncio, que se materializa na realização constante do
seu objetivo; aos amigos, fonte permanente de estímulo à luta que se desdobra a
cada instante e, especialmente, ao alvo querido do meu afeto, os meus
familiares, que nestes últimos vinte anos de incansável trabalho, partilham
conosco cada lance, realizado junto, fazendo, estimulando e injetando-nos ânimo
para nunca esmorecer, com a minha reconhecida grandeza do desprendimento, que
nos oportuniza o afastamento do amorável convívio, em prol de algo mais e
maior, de uma silenciosa e resignada parcela de contribuição para um mundo mais
feliz, alegre, bonito e justo, pelo que sou infinitamente grato. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Os
próximos homenageados serão os seguintes: Nelson Arisi e Francisco Renan
Proença, que serão saudados pelo proponente, Ver. Cyro Martini. V. Exª está com
a palavra.
O
SR. CYRO MARTINI: Sr.
Presidente, Ver. Valdir Fraga; Ver. Lauro Hagemann, distinto Secretário da
Casa; caríssimos homenageados. Para nós coube a honra e o orgulho de poder
proporcionar o reconhecimento desta Casa, o que vale dizer, do Município de
Porto Alegre para duas expressões singulares do empresariado e da benfeitoria
social, não só em Porto Alegre, mas no Estado do Rio Grande do Sul. Nelson
Arisi e Francisco Renan Proença.
Nós
temos em Nelson Arisi uma pessoa que palmilha Porto Alegre, especialmente na
região sudeste, na região do grande Partenon em busca daqueles que precisam do
seu amparo, do seu carinho, o que ele sempre tem para dar, para emprestar
àqueles que necessitam. Lá estão as suas obras e suas benfeitorias sociais, ele
que é Presidente da Indústria Tamaco, sediada no Partenon, sai a campo por
aquelas vilas populares procurando dar o seu afeto e o seu apoio material. Não
contente com isso, também participa da direção do Instituto Espírita da Boa
Vontade. Não contente apenas com essa participação é Presidente do Conselho
Comunitário Pró-Segurança Pública do Grande Partenon e leva mais ainda a sua
integração social na medida em que é Presidente do Rotary Club Nordeste Porto
Alegre. São apenas situações de um currículo que nós poderíamos ficar por longo
tempo enunciando tarefas, encargos, funções de Nelson Arisi.
De
outra parte temos a figura vibrante do empresariado rio-grandense, que é
Francisco Renan Proença. Se fôssemos ler o seu currículo os senhores teriam que
se acomodar melhor, porque certamente vemos o trabalho desenvolvido, o valor, o
significado para a economia nacional da expressão que é o Francisco, Presidente
da Fasolo, sediada em Bento Gonçalves, Vice-Presidente da FIERGS e CIERGS,
Diretor-Presidente do Departamento Regional do Ciese e aí teríamos uma série de
enumerações, relacionadas com suas obras sociais.
Vejam
que a mim incumbiu esta tarefa grandiosa, porquanto pequeno que eu seja, de
enaltecer e mostrar para a comunidade de Porto Alegre o valor e o mérito destes
dois gigantes, destas duas expressões da vida sul-rio-grandense. Nós que
conhecemos a nossa sociedade sabemos quão importante é o trabalho de
empresários, industriais que procuram levar para as camadas mais necessitadas
da cidade de Porto Alegre o seu apoio. Temos cerca de 30% da população vivendo
nas vilas periféricas. Se não fossem expressões como estas, certamente seria
ainda maior o sofrimento desta gente. Ele fica diminuído na medida em que
Francisco Renan Proença leva o seu trabalho à indústria e procura desenvolver o
seu programa de ambulatório móvel que vai levar diretamente às fábricas a
assistência médica aos necessitados. Vejam que este é um trabalho para
engrandecer, mas não fica somente aí a sua ajuda, procura distribuir
mensalmente ranchos através do SESI para os necessitados. Não é por pouco que
ele mereceu, através do seu trabalho junto à Cruz Vermelha Internacional, um
trabalho social de prevenção ao uso indevido de drogas, recebeu do Rotary Internacional
o título, a Comenda “Tulipa Negra” e também de outra parte o título da Cruz
Vermelha Internacional.
Então,
vejam, quanto importante e significativos são os títulos e o Nelson também é
portador de títulos inúmeros só pelo fato de ser Presidente do Clube Nordeste
já significa, e muito, para todos nós. Vejam como é significativo o trabalho
desenvolvido por essas expressões que temos hoje oportunidade de saudar. São
corações que acalentam dentro de si o calor humano, calor que aqueles
necessitados que eu insisto em marcar, precisam e eles sabem dar. São
empresários que honram, engalanam, a economia nacional. A economia nacional, se
dependesse de pessoas desta ordem, não seria a oitava mundial, mas, certamente,
muito mais, com expressões desta grandeza.
É por
isso que devemos saudar e reconhecer o mérito de gente como Francisco Renan
Proença e Nelson Arisi e o trabalho social deles também merece todo o nosso
reconhecimento, merece a nossa exaltação. Nós que lidamos no dia-a-dia com
aqueles mais necessitados é que sentimos o valor, o valor que não é puro
paternalismo, não é apenas um assistencialismo, como querem alguns denegrir,
querem conspurcar. Mas é um trabalho, um trabalho humano de solidariedade pelo
próximo. E um trabalho assim tem que ser reconhecido por todos nós. Por isto, a
cidade de Porto Alegre, através desta Casa, tem orgulho de reconhecer, de dar o
seu reconhecimento, o seu muito obrigado a Nelson Arisi e a Francisco Renan
Proença. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Solicito
ao Ver. Cyro Martini que faça a entrega do título honorífico de Cidadão Emérito
aos homenageados Nelson Arisi e Francisco Renan Proença.
(É
feita a entrega dos diplomas aos homenageados.) (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE:
Concedemos a palavra ao Sr. Nelson Arisi.
O
SR. NELSON ARISI:
(Menciona os componentes da Mesa.) Agradeço ao amigo Vereador Cyro Martini pela
indicação e aprovação de meu nome para Cidadão Emérito de Porto Alegre, neste
ano de 1990.
Primeiramente
permitam-me colocar que sinto-me pequeno, para fazer jus ao título honorífico,
uma vez que existem, inclusive aqui, pessoas melhor qualificadas, para
recebê-lo. Constitui para mim, a confiança, uma grande honra.
No
dia 17 de setembro de 1957, cheguei a Porto Alegre, vindo de Veranópolis. Hoje
somos a família Tamaco Ind. Reunidas (diretores, gerentes, técnicos e operários
em geral), que formam um grupo englobando quatro empresas.
Crescemos,
é verdade, principalmente depois que um incêndio destruiu nossa indústria. Foi
difícil, mas a solidariedade foi imensa, e em seis meses nos reerguemos. Ali no
Bairro Partenon, com o apoio permanente dos amigos, da esposa Tânia e, também
da solidariedade dos filhos Alexandre e Tatiane, temos hoje quinze anos de
trabalho. E, para atender a outros setores da comunidade, aceitei a presidência
do Rotary Club Nordeste.
A
comunidade como tal é carente, e o pouco que se realiza em termos de ajuda é
insuficiente para minimizar o sofrimento daqueles desassistidos, menos
afortunados.
Se
analisarmos os variados campos de atuação, visualizamos, por exemplo, creches,
asilos, orfanatos, escolas, entidades que se não fosse a abnegação de seus
líderes, procurando de forma contínua dar condições de funcionamento,
estaríamos à mercê da quase inoperação destas entidades.
Todos
sabemos que os dias de hoje são difíceis. O tempo, a disponibilidade escasseia
a olhos vistos, enquanto que as necessidades, dos que pouco têm ou sofrem,
crescem desenfreadamente.
O
Estado, que tem a responsabilidade de educar, alimentar, proteger e cuidar da
saúde, não pode ser chamado o “salvador da Pátria”. O governo não tem recursos
suficientes e não deve sozinho ficar à mercê de críticas, pois sempre tem feito
algo pelos carentes. Portanto, todos devem contribuir.
Sem
ir além dos limites da paciência de todos, esclareço que recebo esta homenagem
com a mesma humildade que sempre caracterizou minha postura.
Enfim,
como escreveu o saudoso Érico Veríssimo, em “O Prisioneiro”, também desde cedo,
aprendi a me defender de toda a palavra, toda a linguagem que desfigure o
mundo, que me afaste das raízes da vida.
Somos
gente simples que somente a grande generosidade do Vereador Cyro Martini
poderia homenagear como “Cidadão Emérito”. Agradeço com emoção. Vereador, minha
gratidão. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE:
Concedemos a palavra ao Sr. Francisco Renan Proença, nosso homenageado.
O
SR. FRANCISCO RENAN PROENÇA:
(Menciona os componentes da Mesa.) Gostaria de começar agradecendo a presença
dos amigos e da minha família. Mais do que isto, lembrar o apoio que tenho
recebido de todos durante a minha trajetória pessoal e profissional em
diferentes cidades, principalmente Porto Alegre, o motivo deste encontro.
Cultivo
uma relação afetiva muito grande com as diversas cidades em que morei. Quaraí,
é a cidade natal onde ainda vivem minha mãe e dois irmãos. Montevidéo, no
Uruguai, era onde eu passava as férias escolares. Santa Maria foi onde cursei o
primeiro científico. Bento Gonçalves é a cidade da minha esposa, dos meus
filhos e onde moro desde 1972. Cada um desses locais têm a sua importância e um
lugar especial em meu coração. Mas Porto Alegre é diferente. Porto Alegre faz
parte do imaginário onírico, das fantasias de uma criança sonhadora que era eu
na década de 40.
Sim,
esta paixão é antiga e talvez só poucos entendam o que significa para uma
criança os atrativos de uma cidade como esta, que só vim a conhecer em 1953.
Naquela época, vivendo na fronteira com o Uruguai, nossa referência de
metrópole era sem dúvida alguma Montevidéo, onde se ia de avião com a maior
facilidade, diariamente até, se fosse o caso. Era como se estivéssemos no mesmo
país.
Outras
cidades com as quais tínhamos intercâmbio eram Alegrete, Uruguaiana e
Livramento. Porto Alegre parecia inatingível, numa época em que as comunicações
e os meios de transporte eram muito deficientes. Quem dera termos à disposição
as carroças que o nosso presidente hoje critica. Tínhamos que nos contentar com
o que chegava até nós, que era o “Correio do Povo”. Talvez por causa dele eu
tenha me alfabetizado cedo. Aos cinco anos já lia este jornal e foi através
dele que me apaixonei por Porto Alegre, pelo seu futebol, pelo seu cinema.
Sabia
tudo o que estava acontecendo aqui e foi uma das mais fortes emoções receber a
notícia da minha vinda à cidade, acompanhado de um tio. O hotel era o La Porta,
a rua era a Uruguai e a programação foi, naturalmente, assistir a jogos de
futebol, freqüentar cinemas e passear pela Rua da Praia.
Um
ano depois, em 1954, meu irmão Miguel e eu voltamos para estudar. Moramos numa
pensão da Rua Duque de Caxias, em outra da Andradas e estudamos no Colégio
Júlio de Castilhos. Abro um parêntese aqui para referir-me ao meu irmão que,
como eu, ama Porto Alegre e também teve a honra de receber este mesmo título. O
Miguel faz idéia do que eu estou sentindo.
Porto
Alegre significou para nós a descoberta do Brasil, porque na fronteira nossa
realidade era muito mais uruguaia do que brasileira. Até minha mãe é de origem
uruguaia e por isso carrego o Oronoz do nome. Era preciso viajar vinte horas de
trem para conhecer o Brasil.
Graças
à influência do meu pai, um farmacêutico prático, os quatro filhos optaram pela
área da saúde. Eu, certamente o mais influenciado, me formei em farmácia, na
UFRGS, faculdade aliás, onde conheci minha esposa Yeda.
Em
1959, já formado, voltei para Quaraí para trabalhar na farmácia da família.
Dois anos depois me casei. Enquanto a Yeda montava um laboratório de análises,
eu incrementava o negócio instituindo na cidade a duplicata, que, lembro-me
ainda, precisava ser impressa em Artigas.
Recordo
também que na época chegava a comprar para a farmácia cinco mil garrafas de
Biotônico Fontoura, o que hoje seria uma façanha. Fiquei doze anos em Quaraí e
lá comecei a exercitar o que as pessoas chamam de tino comercial. Nunca fui só
um farmacêutico, sempre tentei enxergar a conjuntura de um negócio e as
possibilidades que eu poderia criar.
Mas
em 1972 começaria uma nova etapa na minha vida. Fui chamado pelo meu sogro,
José Fasolo, para trabalhar em sua empresa. Não se tratava exatamente de um
presente, mas de um desafio, pois a empresa não possuía os mil e trezentos
funcionários que possui hoje. Tinha apenas cento e sessenta.
Comecei
na área de vendas do então Curtume Fasolo. Um negócio que eu não entendia nada,
portanto, precisei começar a trabalhar todos os dias às seis horas da manhã. Em
quarenta dias fiz a programação da empresa e comecei a desenvolver as vendas no
mercado interno.
Sinto
muito orgulho em ter participado e contribuído para o crescimento da Fasolo,
pois ela tem uma história, um passado muito bonito e pioneiro. Para vocês terem
uma idéia, ela foi, pelas mãos de José Fasolo, hoje já falecido, uma das
primeiras empresas a pensar em ecologia no Estado. Tanto que o atual Secretário
do Meio Ambiente, José Lutzenberger foi convidado no início da década de
setenta para nos orientar nos passos mais adequados em relação ao tratamento do
couro e a proteção ambiental.
Procurei
sempre, em todos os trabalhos, exercer atividades paralelas. Desde entidades
patronais, até hospitais e fundações filantrópicas. O crescimento pessoal, pelo
menos para mim, nuca seria completo se restrito somente à profissão. Eu tenho
quase que uma necessidade orgânica em participar ativamente na sociedade em que
vivo. Por isso, foi natural meu ingresso no centro de indústria e comércio de
Bento Gonçalves, centro das indústrias do Rio Grande do Sul, Lyons Clube,
Associação das Indústrias de Curtumes e atualmente como Vice-Presidente da
FIERGS e Diretor do Departamento Regional do SESI.
Todas
estas atividades foram e são gratificantes para mim. Cada entidade destas tem
sua função social. Mas temos certeza que o SESI, pelo número de pessoas que
beneficia, é instituição das mais relevantes.
Se eu
tenho algum mérito; se alguma homenagem a mim é justa, eu gostaria de dividi-la
com a minha família, com os amigos, com o SESI, a FIERGS e, principalmente, com
os eméritos anônimos. Precisamos ter a humildade de reconhecer o trabalho
invisível, porém fundamental, de tantos e tantos que adotaram Porto Alegre como
lar. Não pretendo usar este espaço para fazer proselitismos. Os caros
Vereadores e os amigos aqui presentes sabem que eu prefiro atuar de forma
discreta. O SESI, por exemplo, já tem quarenta e quatro anos, e eu não faço
nada mais do que dar prosseguimento a tarefas já iniciadas.
Como
empreendedor, naturalmente, procuro deixar uma marca de modernidade e, na
medida do possível, uma certa ousadia, que não faz mal a ninguém.
Vocês devem concordar comigo que falar em questão social, até bem pouco
tempo no Brasil, era linguagem e preocupação de comunistas. Nós, brasileiros,
precisamos urgentemente de um novo comportamento, de uma nova atitude frente à
realidade internacional. Enquanto Gorbachov troca figurinhas com Bush, a
Alemanha Ocidental e a Alemanha Oriental assinam tratado de união monetária.
Sou
um homem contido, que procura medir os atos e as palavras, mas acho que já está
na hora de arriscarmos um passo maior. Se cento e cinqüenta milhões de
habitantes resolverem andar na mesma direção, não há plano que não dê certo.
Os
trabalhadores estão fazendo a sua parte. Cabe a nós empresários, aos políticos
e a toda elite pensante, estabelecer uma prioridade única, que é fazer o País
atingir o crescimento de que é capaz.
Gostaria
de minimizar a importância de uma entidade assistencial como o SESI, no entanto
não é possível; como ficaria a saúde e o lazer das mais de setecentas mil
pessoas atendidas?
Evito
cair no discurso fácil que critica os políticos e as instituições e que ao
mesmo tempo prega o otimismo ingênuo do “Brasil Gigante”. Prefiro chamar a
atenção dos presentes para o nosso papel enquanto cidadãos. Afinal, todos
podemos ser eméritos, basta nos entregarmos a uma tarefa com afinco, com
obstinação. Se o País vive nessa incerteza e nessa eterna sensação de que nada
dá certo, alguma coisa não anda bem no nosso comportamento como cidadãos.
Democracia
não é o gesto de colocar um voto numa urna. A nossa conduta antes e após uma
eleição é que define o quanto somos democráticos. Então, se estamos descontentes,
de nada adianta dar de ombros e murmurar que País não tem mesmo jeito. Cidadão
não é aquele que habita uma cidade, é o que exerce plenamente os seus direitos
civis e políticos.
Peço
perdão se fui um pouco ácido nas últimas palavras e um tanto sentimental quando
falava do meu passado. É que o sentimento e a energia fazem parte de mim.
Agradeço a todos os amigos presentes, meus familiares, jornalistas, autoridades
e Vereadores, em especial, ao Vereador Cyro Martini, que indicou o meu nome
para receber este título.
Não
sei qual a imagem que passei aos que não me conheciam. Gostaria sinceramente
que me vissem como um homem que acredita, que faz a sua parte na sociedade com
paixão. A paixão, que é a única coisa capaz de mover o mundo. Obrigado pelo
título e pela atenção.
(Não
revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Nosso
próximo homenageado é o Jornalista Sérgio da Costa Franco, e o proponente do
Projeto é o Ver. Nelson Castan, a quem concedemos a palavra neste momento.
O
SR. NELSON CASTAN: Ver.
Valdir Fraga, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Ver. Lauro
Hagemann, 1° Secretário; Srs. Homenageados, em especial meu querido Sérgio da
Costa Franco; Srs. Vereadores aqui presentes, senhoras e senhores.
Sérgio
da Costa Franco nasceu em Jaguarão, no ano de 1928. Mudou-se com a família para
Porto Alegre em 1935, onde concluiu o curso secundário no Colégio Anchieta, em
1945. Mais tarde colou o grau de bacharel em Geografia e História e em Ciências
Jurídicas e Sociais, ambos na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Iniciou
sua vida profissional como professor em cursos na capital, com destaque para o
Curso Ruy Barbosa. Foi servidor do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística e escriturário concursado do Banco do Brasil. Também por concurso
ingressou no Ministério Público do Rio Grande do Sul como promotor. Atuou nas
comarcas de Encantado, Quaraí, Soledade e Erechim, sendo promovido para Porto
Alegre em 1969, onde passou à função de Procurador de Justiça em 1976.
Iniciou
sua carreira jornalística em 1949 escrevendo para os jornais “Correio do Povo”
e “Última Hora”. De 1969 a 1983 escreveu sua coluna na quarta página do
“Correio do Povo”, onde foi também editorialista. Em 1984, começou a escrever
para o jornal Zero Hora, onde esteve com brilhantismo até janeiro deste ano.
É
autor de inúmeras publicações. Entre elas, “Júlio de Castilhos e sua Época”,
“Porto Alegre e seu Comércio”, “O Guia Histórico de Porto Alegre”, “Achados e
Perdidos” e “Quarta Página”, este último premiado pela Academia Brasileira de
Letras. Recebeu incontáveis distinções, às quais vem se somar o título
honorífico de Cidadão Emérito de Porto Alegre.
Pois
este homem ilustre que hoje homenageamos, eu só vim a conhecer em tempos mais
recentes, através do seu rico trabalho na imprensa do Rio Grande do Sul. Foi
como se fosse uma conversa diária com Sérgio da Costa Franco. Como homem
inserido diretamente no processo social, as palavras do jornalista e cronista
do cotidiano Sérgio da Costa Franco me ajudaram em muito a entender a realidade
da nossa cidade, do nosso estado e do nosso país.
Tratando
os assuntos com profundidade e com a independência que sua retidão de caráter
sempre lhe permitiu, o homenageado representa um verdadeiro marco de referência
para nossa orientação. Há poucos anos descobri o Sérgio da Costa Franco
historiador e homem sentimental, apegado às coisas da nossa cidade. Juntos
participamos do fascinante desafio e das inúmeras realizações que foi a
Administração Alceu Collares frente à Prefeitura Municipal de Porto Alegre.
O
Sérgio emprestou o seu prestígio e seu talento ao Projeto Cultural Memória
Carris, que durante a minha gestão frente à empresa tanto interesse despertou
em nossa cidade. Foram milhares de crianças de escolas de nossa capital que se
enriqueceram culturalmente vendo as peças do Museu, lendo a história da CARRIS,
escrita pela mão de Sérgio da Costa Franco. A estes jovens foi possível,
através deste Projeto, vivenciar e sentir um pouco de como era a vida dos seus
pais na poética Porto Alegre dos bondes, dos motorneiros e do alegre tipo
faceiro que diariamente lá estava, indo e voltando do trabalho.
Mais
do que apenas a CARRIS, Sérgio da Costa Franco é um homem que apreendeu nas
suas profundezas a alma de Porto Alegre. Na sua obra o “Guia Histórico de Porto
Alegre”, o nosso homenageado reúne informações valiosas da constituição e
evolução da nossa cidade. Não só fazendo a compilação de material de outros
autores, mas indo também a fontes primárias e interpretando os fatos, o Sérgio
doou a todos nós o melhor da sua competência como historiador.
Por
isso, Sérgio da Costa Franco, mesmo sendo um filho adotivo da nossa capital, eu
tenho a certeza de que ela lhe dedica um verdadeiro amor materno. Para nós, que
buscamos ser agente permanente no sentido da transformação progressista da
nossa cidade, conhecer a sua memória coletiva, os fatos históricos, os aspectos
sócio-econômicos e comportamentais que lhe deram vida, é um pré-requisito
indispensável.
Não
poderíamos deixar de registrar o Sérgio da Costa Franco no seio de sua família.
Homem atencioso, afetivo e preocupado com sua esposa, filhos e netos. Esta é
uma das facetas da coerência do Sérgio, pessoa sinceramente dedicada àqueles
que lhe são queridos e também homem bastante influenciado pelo pensamento
castilhista. Júlio de Castilhos foi um homem profundamente dedicado à família.
Pois
no início deste ano, fomos surpreendidos pelo “Adeus às Armas”, a despedida
voluntária de Sérgio da Costa Franco de sua conversa diária conosco através da
“Zero Hora”. Enquanto líamos esta última coluna, nos invadiu um profundo
sentimento de perda. Foi um adeus prematuro que o Sérgio dava aos seus milhares
de leitores.
Mesmo
que racionalmente aceitemos seus motivos, ficou em nós a vontade de ver as
coisas seguir um outro caminho que o mantivesse diariamente conversando
conosco. Dei-me conta que nosso homenageado não mais pertencia apenas a si
mesmo e a sua família, mas também a todos que tanto gostamos de conhecê-lo e
valorizamos o sentido de sua presença entre nós.
Porto
Alegre precisa muito do Sérgio da Costa Franco. Na plenitude de suas condições
físicas e intelectuais, sentimos a sua falta. A nossa cidade, com a autoridade
de uma mãe legitimada, não aceita o auto-exílio de um dos seus filhos mais
dignos.
Sérgio
da Costa Franco, Dona Inês, filhos e netos, o nosso mais sincero carinho e
admiração. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Solicito
ao Ver. Nelson Castan que faça a entrega do título honorífico de Cidadão
Emérito ao Sr. Sérgio da Costa Franco.
(É
feita a entrega do diploma ao homenageado.) (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE:
Concedemos a palavra ao nosso homenageado, Sérgio da Costa Franco.
O
SR. SÉRGIO DA COSTA FRANCO:
Sr. Presidente, Ver. Valdir Fraga; Sr. Ver. Secretário, prezado colega Lauro
Hagemann; Srs. Vereadores presentes; Srs. Homenageados nesta tarde; meus
amigos; meus filhos; senhores; senhoras. Foi somente por escolha arbitrária e
quase lotérica, no meu caso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que V. Exªs
puderam buscar na multidão urbana um cidadão comum para lhe conferir o título
de Cidadão Emérito. Por isso mesmo, é com humildade que compareço hoje a esta
Casa, certo de que, entre tantos outros concidadãos dignos, mas perdidos no
anonimato, na atomização social e no isolamento de nossa metrópole, apenas fui
pinçado e distinguido graças à espontânea opção do eficiente Vereador Nelson
Castan que se lembrou do meu nome e tomou a iniciativa do Projeto de Resolução,
generosamente acolhido pelos demais representantes do povo.
O
momento me obriga a um exame de consciência, para ver em que medida posso ter
sido útil a esta querida cidade de Porto Alegre e aos seus habitantes. Não
nasci na Capital. Aqui cheguei criança, à beira dos 7 anos, num desses
vendavais que sobrevêm ao destino das famílias após a morte trágica de meu pai,
na cidade de Jaguarão. Apesar das limitações de uma reduzida renda, a mãe viúva
soube garantir a instrução e a educação de todos os filhos, que eram sete, e
nos assegurou a abertura de caminhos que nunca foram desonrosos. Lamentavelmente,
ela já não se acha no mundo dos vivos, para que eu lhe transfira as emoções
desta solenidade e desta hora.
De
1935 a esta data, eu e Porto Alegre temos vivido em aberto namoro. E quase
sucumbo à tentação de contar as amenidades e os encantos da cidade que conheci
com menos de trezentos mil habitantes, sem aglomerados irregulares, bem servida
de transportes coletivos, imune às ameaças de delinqüentes cruéis. Saudosos
tempos aqueles em que a maior preocupação eram os ladrões de quintal e um que
outro punguista de dedos hábeis aproveitando a superlotação do bonde Floresta.
Entre
o Menino Deus, onde passei a infância, o Centro, onde “curti” a adolescência e
a juventude, e o bairro São João, onde fui descobrir a companheira de meus
dias, conheci toda, ou quase toda, a Porto Alegre dos anos trinta, quarenta e
cinqüenta. É verdade que me afastei da bem-amada capital, num longo interregno,
quando as obrigações de trabalho me arrastaram para o interior do Estado, num
total de 15 anos. Primeiro como funcionário do Banco do Brasil, depois como
Promotor de Justiça, sofri em dois turnos o que se pode considerar um longo
exílio. A despeito de minha integração nas comunidades onde operei, a verdade é
que atravessei aqueles quinze anos roído de saudades, e de pescoço voltado para
a querência, tal qual os cavalos de piquete quando são repontados para uma
invernada distante. O retorno definitivo, em 1969, quando vim atuar no
Ministério Público da Capital, demarca o reinício de uma amigação com Porto
Alegre, que eu espero eterna.
Foi
nesse retorno que me lancei profissionalmente à atividade jornalística,
assumindo coluna no velho “Correio do Povo” e, a partir de 1984, na “Zero
Hora”. Vinte anos de comentários quase diários, abordando temas de genérica
amplitude, mas com preferência pelos problemas e casos da cidade, se não me
deram reputação maior no trato das questões que preocupam esta Câmara, pelo
menos me concederam um crédito de boas intenções e sinceridade. É certo que
haja incidido em erros de apreciação e de julgamento, mas é indiscutível que
fui sempre guiado pelo desejo de acertar e de não malbaratar meus espaços
jornalísticos em pautas fúteis, no elogio banal ou na critica inconseqüente.
Creio,
entretanto, que dei o melhor de mim a Porto Alegre, quando me dediquei a fazer
a pesquisa e a divulgação de sua história. Primeiro, através de “Porto Alegre e
seu Comércio”, livro patrocinado pela Associação Comercial, depois, através de
“Porto Alegre: Guia Histórico”, que a Universidade Federal e a Prefeitura
Municipal editaram em 1988, tive ocasião de oferecer alguns subsídios para a
fixação de nossa história urbana. É pouco, ainda, perto do que a cidade merece,
e perto do muito que existe por livrar do esquecimento, da dúvida, da
informação improvisada. As comunidades precisam descobrir suas raízes e
preservar sua memória, sob pena de se tornarem aglomerados desintegrados,
amorfos e sem consciência coletiva.
Se,
por alguma contribuição pessoal, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, entenderam
V. Sªs que me tocava a concessão de um título honorífico, recebo-o
como um estímulo a mais em minha caminhada, - digo-o com prazer - sempre
favorecida pelo reconhecimento dos concidadãos. Na conta corrente que mantenho
com a comunidade, ainda me considero um devedor.
Muito
obrigado à Câmara Municipal de Porto Alegre, a todos os seus Vereadores, muito
especialmente ao prezado Ver. Nelson Castan, e através de V. Sas,
minha perene gratidão ao povo de Porto Alegre. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Estamos
chegando ao final desta Sessão Solene. Esta Casa está colorida e decorada com a
presença de todos os senhores, que talvez não possam imaginar o nosso orgulho
por isso. Tenho a impressão de que cada coração bateu um pouquinho mais forte
num determinado momento. O pronunciamento final demonstrou muito amor e carinho
por esta Casa e por esta Cidade e eu dizia ao Proença que há poucos dias, num
programa de televisão, eu afirmava que a minha primeira paixão era a casa, a
segunda, o neto e a terceira, a família e quase que minha esposa e os filhos
resolveram puxar as minhas orelhas. Mas, foi com muito carinho mesmo que
recebemos todos os senhores. Gostaria que nós e os nossos homenageados
pudéssemos continuar de mãos dadas defendendo o bem comum da nossa Cidade e do
nosso Estado.
Aviso
a todos os Senhores Vereadores que a Sessão Ordinária de amanhã será realizada
aqui, neste Plenário, no horário regimental.
Agradecemos
a presença de todos, dos homenageados, seus convidados e amigos.
Estão
encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Levanta-se
a Sessão às 18h50min.)
*
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