ATA DA DÉCIMA SEXTA SESSÃO SOLENE DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 28.06.1990.

 


Aos vinte e oito dias do mês de junho do ano de mil novecentos e noventa reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Décima Sexta Sessão Solene da Segunda Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura, destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadão Emérito a Elisa Verinha Romak Alves, Lary Hübner, Ubirajara Lauermann, Nelson Arisi, Francisco Renan Proença e Sérgio da Costa Franco. Às dezessete horas e cinco minutos, constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e solicitou aos Líderes de Bancada que conduzissem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Ver. Valdir Fraga, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Ver. Lauro Hagemann, Primeiro Secretário da Câmara Municipal de Porto Alegre; Senhora Elisa Verinha Romak, Senhor Lary Hübner, Senhor Ubirajara Lauermann, Senhor Nelson Arisi, Senhor Francisco Renan Proença e Senhor Sérgio da Costa Franco, Homenageados. A seguir, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, assistirem à execução do Hino Nacional. Após, fez pronunciamento alusivo ao evento, salientando que, nesta solenidade, estariam sendo homenageadas pessoas da sociedade porto-alegrense que, pelo seu trabalho, muito têm contribuído para essa comunidade. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Senhores Vereadores que falariam em nome da Casa e, também, discorreu sobre a nova dinâmica adotada por este Legislativo para a entrega dos Títulos de Cidadão Emérito. A Verª Letícia Arruda, como autora da proposição que concede o Título Honorífico de Cidadã Emérita à Senhora Elisa Verinha Romak, discorreu sobre o trabalho por ela realizado na área da educação, sobre os ideais que sempre a nortearam nesse campo, destacando e defendendo uma “escola ativa, criativa, crítica e que possibilite o livre pensar de alunos e mestres”. Salientou, ainda, seu trabalho junto à Escola São Judas Tadeu. A seguir, nos termos da Resolução nº 1031/89, a Verª Letícia Arruda procedeu à entrega do Título Honorífico de Cidadã Emérita à Srª Elisa Verinha Romak Alves que, em continuidade agradeceu a homenagem recebida. E, após, o Senhor Presidente anunciou a apresentação do Coral da Faculdade São Judas Tadeu, sob a regência do Professor Otto Follmann, que executou as canções: “Minuano”, “Para não dizer que não falei de flores” e “Gauchinha bem querer”. Em continuidade, o Ver. Vicente Dutra, como autor da proposição que concede o Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Senhor Lary Hübner e em nome deste Legislativo, discorreu sobre o trabalho realizado pelo Homenageado em prol da comunidade, especialmente através de sua atuação nos Conselhos Municipais, Rotary Club, Movimento Familiar Cristão e como funcionário da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Salientou a grandeza de espírito, abnegação e doação do Homenageado e cumprimentou-o pela eleição para governador do Rotary. Após, o Ver. Vicente Dutra procedeu à entrega do Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Senhor Lary Hübner, nos termos da Resolução nº 1014/89, o qual agradeceu a honraria recebida. O Ver. Martim Aranha, como autor da proposição que concede o Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Senhor Ubirajara Lauermann e em nome deste Legislativo, salientou a ação social desenvolvida pelo Homenageado, especialmente através do Lar dos Pequeninos de Jesus, entidade da qual é presidente, e sua dedicação à causa do excepcional. A seguir, o Ver. Martim Aranha procedeu à entrega do Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Senhor Ubirajara Lauermann, nos termos da Resolução nº 1000/88, o qual agradeceu o recebimento do Título Honorífico, saudando-o como “significatica comenda” e incentivo ao seu trabalho. O Ver. Cyro Martini, como autor das proposições que concedem os Títulos de Cidadãos Eméritos aos Senhores Nelson Arisi e Francisco Renan Proença, discorreu sobre a satisfação deste Legislativo em homenagear cidadãos que tanto têm feito e atuado para o bem da comunidade da Cidade de Porto Alegre e deste Estado, não apenas como empresários mas também na área filantrópica e social. Em continuidade, o Ver. Cyro Martini procedeu à entrega dos Títulos Honoríficos de Cidadãos Eméritos, respectivamente, aos Senhores Nelson Arisi, nos termos da Resolução nº 1038/90, e Francisco Renan Proença, nos termos da Resolução nº 1037, os quais, individualmente, agradeceram a honraria recebida. E o Ver. Nelson Castan, como autor da proposição que confere o Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Senhor Sérgio da Costa Franco e em nome deste Legislativo, falou dos motivos que o levaram a propor tal homenagem discorrendo sobre a relevância do trabalho realizado pelo homenageado, tanto na área do jornalismo como na historiografia desta Cidade e, também, na Literatura. Falando da competência do Homenageado como historiador, salientou que suas pesquisas representam um marco para o entendimento histórico desta Capital. Em prosseguimento, o Ver. Nelson Castan procedeu à entrega do Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Jornalista Sérgio da Costa Franco, nos termos da Resolução nº 1042/90, o qual agradeceu a homenagem recebida, salientando tratar-se de um estímulo para a realização de seu trabalho. Às dezoito horas e cinqüenta minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente levantou os trabalhos da presente Sessão, agradecendo a presença de todos e convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de manhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Ver. Valdir Fraga e secretariados pelo Ver. Lauro Hagemann. Do que eu, Lauro Hagemann, 1° Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, lida e aprovada, será assinada pelo Senhor Presidente e por mim.

 


O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão Solene destinada à entrega do título honorífico de Cidadão Emérito aos seguintes homenageados: (Menciona nominalmente os agraciados.)

O Legislativo Municipal sente-se muito honrado com a presença dos nossos homenageados e de seus convidados. É uma honra muito grande para esta Casa recebê-los.

Os senhores e as senhoras estão reparando que estamos no Plenário Otávio Rocha. É a segunda reunião que nós realizamos neste recinto. A primeira foi em 03 de abril, quando da promulgação da Lei Orgânica, e agora com esta homenagem às personalidades que desempenharam relevantes serviços à nossa Cidade, Projetos esses aprovados por esta Casa, por indicação de vários companheiros Vereadores que nós vamos citar a seguir. Mas não poderia deixar de fazer algumas colocações referentes ao Plenário. Estamos aos poucos construindo, houve algumas dificuldades, mas já dá para acomodar, estamos com quase 300, 350 pessoas. Temos mais um espaço, não só para política, mas também para momentos como este, momentos culturais e também musicais.

Então, é um prazer recebê-los. Nós ouviremos, com muito prazer, com muita honra, o nosso Hino Nacional. Eu convido para que todos, em pé, acompanhem a execução.

 

(Execução do Hino Nacional.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convidamos a fazer uso da palavra a Verª Letícia Arruda, autora da proposição que concede o título honorífico de Cidadã Emérita à Srª Elisa Verinha Romak Alves.

 

A SRA. LETÍCIA ARRUDA: (Menciona os componentes da Mesa.) Senhores convidados, Srs. Vereadores, senhoras e senhores.

Era uma vez uma menina de nove anos que resolveu brincar de professora!

Desta forma iniciamos nossa exposição de motivos na proposta encaminhada para concessão do título honorífico de Cidadã Emérita à Senhora Elisa Verinha Romak Alves, e da mesma forma a Professora iniciou sua vida profissional de educadora dedicando-se neste espaço de tempo à educação.

Por que educar? Porque educar é um comprometimento com a vida, portanto a nossa Pedagogia é a busca constante da liberdade, e nós, que vivemos numa sociedade desigual, observamos no dia-a-dia o desleixo com a Educação. Mas, ao mesmo tempo, podemos nos espelhar na imagem de uma mulher forte, a nossa homenageada, que enfrentou durante quarenta e quatro anos com coragem e decisão a luta incessante para transformar o seu sonho em realidade.

Sua grande luta era para transformar os garranchos iniciais de seus alunos em palavras bem escritas, e as crianças se esforçavam para isso, pois era prêmio passar a escrever a tinta, em cadernos de linguagem, de linhas simples. E ainda havia tempo para o desenho, o canto e para as festinhas escolares.

Mas o mais importante era aquele sacrifício silencioso da professora, compensado pelo prazer de ensinar, de transmitir às crianças os conhecimentos e os recursos básicos para vencer pela vida afora.

A nossa homenageada, Elisa Verinha, pensou grande, quando em 1947, com o auxílio de imigrantes, levantou um simples pavilhão de madeira para atender os alunos do bairro. Naquele momento, era plantada a semente que germinou a Escola São Judas Tadeu de primeiro e segundo graus.

O dom de mestra e o amor às crianças foi um mérito que nasceu com a Professora Elisa.

Santo Agostinho, no seu livro de Magistro, tem a expressão “Ama e faze o que queres”. A criança acolhida pelo mestre, pelos colegas sente-se bem na escola, facilmente se encaminha para a educação e ensino. Assim é pautada a vida da Professora Elisa.

Uma tarefa que é de todos, a educação acaba ficando nos ombros apenas dos professores e de algumas comunidades, quando é obrigação em escalada decrescente: primeiro dos Governos, depois dos pais e professores.

Nossa grande esperança reside nos fortes que ainda estão no Magistério, clamando por justiça e levantando bandeiras de luta, mesmo quando discriminados pela repressão.


A Professora Elisa integrou-se de corpo e alma à Escola São Judas Tadeu, realizando seu grande sonho, o da criação das Faculdades de Ciências Contábeis e Administrativas e a Faculdade de Formação de Professores, demonstrando para a grande parcela de estudantes da nossa Porto Alegre, que passam pelos bancos escolares deste modelar estabelecimento de ensino, a consciência dos deveres e direitos políticos dos cidadãos, preparando-os para o seu livre exercício.

E é isto o que queremos! Queremos uma escola ativa, viva, crítica, onde os professores possam agir com liberdade de criação, descobrindo o porquê das coisas, fazendo e deixando o aluno pensar, raciocinar, aprender e a explodir... E Elisa conseguiu!


Receba do povo da cidade de Porto Alegre, através de seus representantes, o reconhecimento da tua conquista histórica educacional nesta longa caminhada de quarenta e quatro anos. Muito obrigada!

(Não revisto pela oradora.)

 


O SR. PRESIDENTE: Solicito à Verª Letícia Arruda que proceda à entrega do título honorífico de Cidadã Emérita à Srª Elisa Verinha Romak Alves.

 

(A Verª Letícia Arruda procede à entrega do diploma à homenageada.)

 

O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra à nossa homenageada.

 

A SRA. ELISA VERINHA ROMAK ALVES: (Menciona os componentes da Mesa.) Meus diletos convidados, meus senhores e minhas senhoras. Neste dia de vital importância para mim, é com imensa satisfação e com o coração transbordando de alegria e emoção, que desejo agradecer à esta Casa, à comunidade da Zona Norte, bem como à eminente Vereadora Letícia Arruda a homenagem com a qual estou sendo distinguida.

Peço, no entanto, permissão para dedicar e dividir esta homenagem com aqueles que comigo colaboraram para a concretização de um sonho que também é um ideal e que teve seu início em 1946 num pequeno Pavilhão de Emergência construído por imigrantes húngaros, alemães e italianos, aos quais em domingos e feriados ministrei aulas do idioma pátrio.

Dedico e ofereço em parte esta homenagem à minha querida mãe - a Profª Elisabeth - conhecida por vó Elisabeth - já falecida; à minha estimada e dileta filha Sandra, atualmente Diretora do Colégio São Judas Tadeu; aos imigrantes que me auxiliaram na construção da primeira escolinha, aos dedicados professores cuja colaboração foi e é imprescindível; aos funcionários sempre amigos e leais; a esta Casa que já em 1957 dirigiu um apelo às autoridades educacionais; às autoridades estaduais e municipais, em cujo programa de governo constava a educação como uma das metas principais; e, finalmente, aos pais de alunos que acreditaram e confiaram no meu trabalho, pois, o poder e a grandeza de uma nação dependem do grau de cultura de seu povo.

O meu grande sonho e ideal era: a construção de uma escola para os meus pequeninos alunos do Passo da Mangueira - hoje Bairro Cristo Redentor - Zona Norte.

Passados quarenta e quatro anos de labuta e dedicação, considero-me compensada com a concretização deste sonho, pois hoje encontro-me frente a frente com a minha Escola e Faculdade São Judas Tadeu, num total de 3.000 alunos.

Considero-me uma pessoa feliz e realizada, pois o Criador, Arquiteto do Universo, concedeu-me a graça de estar rodeada e sempre me deparar com pessoas que de uma maneira ou de outra colaboraram para atingir este meu objetivo; e sem toda esta colaboração, não creio que tivesse sido possível estar aqui hoje presente nesta confraternização, pois como diz o adágio popular: “Uma andorinha não faz verão”.

Muito obrigada a todos, a esta Casa da leal e valerosa cidade de Porto Alegre, às pessoas de meu relacionamento hoje aqui presentes por estes momentos de felicidade inesquecíveis que me proporcionaram.

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Anuncio a apresentação do Coral da Faculdade São Judas Tadeu, sob a regência do Prof. Otto Follmann, que executará as canções: “Minuano”, “Para não dizer que não falei de flores” e “Gauchinha bem querer”.

 

(Apresentação do Coral.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Vicente Dutra, proponente da homenagem ao Sr. Lary Hübner.

 

O SR. VICENTE DUTRA: (Menciona os componentes da Mesa.) O caxiense Lary Hübner viveu quase toda a sua vida em Porto Alegre e dedicou não só o seu talento como também toda a sua vocação de solidariedade para com o ser humano. Foi por esta razão que ele nos proporcionou a feliz oportunidade do convívio, e talvez por esta mesma razão dispensasse qualquer apresentação. Quem não conhece, hoje, os resultados do incansável trabalho de Lary Hübner por Porto Alegre e sua gente, cujo Parlamento se reúne, aqui, neste momento, para em nome do povo, retribuir-lhe com a mais forte das moedas: a gratidão.

De invejável formação cultural - iniciada no Colégio Nossa Senhora das Dores e passando para a Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal, onde colou grau em 1953 - Lary Hübner começou sua trajetória de serviços públicos - que ninguém há de esquecer - estudante ainda, quando ingressou nos quadros da Prefeitura da Capital, em 1952, deixando antever o destino de quem passaria a vida servindo - com o melhor dos serviços - a população da nossa terra. Arquiteto de renome e de competência não ficou limitado, contudo, à excelente retrospectiva de trabalho profissional que desenvolveu em seus trinta e cinco anos na Municipalidade, onde foi assistente técnico, chefe do Serviço de Prédios, chefe da Seção de Estudos e Projetos e chefe da Seção de Obras da posteriormente criada Secretaria Municipal de Educação. Na verdade, foi muito além. Destacou-se por sua atividade no trabalho comunitário, cuja relação de instituições beneficiadas não pode ser, toda ela, aqui citada - incomensurável que é -, mas que merece de nós alguns exemplos: os Conselhos do Colégio Gloriense, Paroquial Nossa Senhora da Glória, Comunitário da Glória, Fundação dos Rotarianos de Porto Alegre, do Teresópolis Tênis Clube, do Rotary Clube de Porto Alegre e do Conselho Estadual do Idoso.

Prestou, ainda inestimáveis serviços à Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais, da qual é conselheiro e da qual foi, igualmente, seu presidente. E arrola na bagagem de trabalho atuações no Movimento Familiar Cristão, Encontro de Casais e Movimento e Luz.

Em verdade não seria preciso alinhar, aqui, nenhuma outra contribuição social de Lary Hübner para justificar esta homenagem cuja iniciativa já faz parte de meu dever cumprido, e que meus pares, nesta Casa, tão sabiamente reconheceram, aprovando-a de modo unânime. Na verdade, Lary Hübner prescinde de justificativas. Sua folha de serviços, sua grandeza moral, sua capacidade profissional falam por elas. Mas nem mesmo essa desobrigação nos autoriza a silenciar sobre tudo o mais que Lary Hübner fez por nós.

Rotariano de todas as horas, onde tenho o privilégio de presenciar al­gumas das suas notáveis iniciativas. Ingressou no Rotary Club de Porto Alegre Sudeste em 1968, e foi seu presidente, secretário, segundo tesoureiro, diretor de Serviços Profissionais e diretor de Serviços à Comunidade por duas vezes; foi sócio honorário nos anos de 1977, 1978 e 1979. No Rotary Club de Porto Alegre Glória Teresópolis; como seu sócio fundador desde 1981. Foi diretor das 4 avenidas, protocolo, tesoureiro adjunto e presidente. Em 1972, como diretor de Serviço à Comunidade do Rotary fundou o Rotaract Club de Porto Alegre Sudeste e, em 1975 coordenou o terceiro Encontro Nacional de Rotaract Club; coordenou a primeira Conferência do Rotaract Club Porto Alegre Glória Teresópolis e foi assistente daquela entidade durante sete anos.

Entre os anos de 1974 e 1976 exerceu a função de presidente da Comissão Distrital de Serviço à Comunidade Mundial, e na década de 80 foi representante do governador para a fundação do Rotary Club Glória Teresópolis, membro da Comissão Distrital de Expansão, presidente da Comissão Distrital da Interact-Rotaract e presidente da Comissão de Expansão. Foi líder de grupo na Assembléia Distrital Seccional de Porto Alegre, quando apresentou dois trabalhos, intitulados Serviços à Comunidade e Atividades Pró-Juventude. Na Fundação dos Rotarianos de Porto Alegre foi conselheiro, por duas vezes, foi seu vice-presidente e, por três vezes, presidente. Foi também presidente da Comissão de Bolsas de Estudos e, entre 1970 e 1988, foi o coordenador da primeira fase do programa denominado o Melhor Companheiro. Em 1976 fundou o Probus Club de Porto Alegre Glória.

Dentro de 24 horas Lary Hübner estará assumindo a Governadoria do Distrito 468 de Rotary Internacional, comandando quarenta e dois clubes em trinta e nove municípios e cerca de mil e duzentos rotarianos. A indicação e eleição para este cargo máximo do Distrito resultou da magnífica atuação de Lary Hübner como rotariano, incansável em servir.

Amanhã, Porto Alegre terá o seu novo Cidadão Emérito recebendo o comando da Governadoria do Distrito 468, e este fato orgulha a todos e valoriza o ato dos Vereadores quando, por unanimidade, lhe outorgaram este título.

Amigo Lary, nestas horas que antecedem a investidura na Governadoria, traduzo o desejo desta Casa de que a tua gestão seja coroada de êxitos e que a extraordinária experiência que adquiriste no trato dos assuntos comunitários e sociais conduza o teu governo de forma suave e harmoniosa - contudo determinada e realizadora -, assim, exatamente assim, como tu és, como sempre ages em todos os empreendimentos que já destacamos. Que nesta missão, como sempre, tenhas a permanente companhia da tua querida Maria Eugênia, companheira de todas as horas, e incentivadora de tuas ações em prol dos necessitados.

Os filhos, Eduardo, Maria Inês e Eugênio, a nora Cláudia e a netinha Clarissa, serão, certamente, privados de horas da presença do querido casal, mas saberão compreender mais uma vez que Lary e Maria Eugênia estarão servindo a uma causa nobre e os incentivarão nesta caminhada.

A ti, Lary, nossa gratidão simbolizada neste título.

Muito obrigado por tudo. E na tua estafante jornada que inicias em poucas horas como Governador de Rotary, conta com esta Casa que tem orgulho de seu ilustre Cidadão Emérito.

Que Deus te acompanhe. Obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convidamos o Ver. Vicente Dutra a fazer a entrega do título honorífico de Cidadão Emérito ao nosso homenageado, Dr. Lary Hübner.

 

(É feita a entrega do diploma ao homenageado.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao nosso homenageado.

 

O SR. LARY HÜBNER: Sr. Presidente da Câmara, Srs.Vereadores, companheiros agraciados com este título, senhoras e senhores. Há vinte anos, quando trabalhava no Conselho Comunitário de Assistência ao Presidiário, um trabalho não muito bem reconhecido e que poucas pessoas nos ajudavam, estou lembrado que em dois mil ofícios que fizemos recebemos doação de três empresas e muitas empresas diziam porque que estávamos naquele trabalho e não procurávamos outro trabalho, por exemplo, de excepcionais, e sim ajudar aquelas famílias daqueles presos que estavam na miséria.

E para surpresa nossa um dia apareceu alguém, nesses dois anos de trabalho, que quisesse saber o que estávamos fazendo; ficou conosco horas me perguntando e sabendo que tipo de trabalho podia se fazer, como se atingia as vilas e as famílias dos presidiários. Mais tarde, quando começamos a trabalhar no Amparo Santa Cruz, questão de alguns meses depois tivemos novo encontro com este jovem, não tão jovem assim, também trabalhando para os filhos dos hansenianos. E ficamos aí muitos anos. Este companheiro é o companheiro Vicente Dutra que realmente a população já o homenageou trazendo ele para Vereador nosso. E assim nós temos na Casa lembranças de homens assim como inclusive o nosso companheiro Presidente que realmente dignificam Porto Alegre.

Este prêmio eu levo também como uma homenagem à família. Quando eu soube e soubemos que estavam reunidas muitas senhoras, que seria agraciado com esse prêmio, elas reunidas disseram, mas a Maria Eugênia? Aí Vi­cente Dutra disse, não, o prêmio é da família. Então, realmente, acho que ninguém pode ter bom êxito nesse trabalho comunitário sem a participação de toda a família, principalmente da esposa, então eu levo também, meu Presidente, como homenagem à Maria Eugênia.

Mas, para encerrar, gostaria de lembrar a figura, médico, humanitário, que atendia gratuitamente na Paróquia da Glória, numa sala simples, toda população pobre do nosso bairro: era o Dr. Leônidas Machado. Quando ele terminou de atender três mil pessoas daquelas vilas, o Dr. Leônidas foi homenageado pelo nosso Rotary. Éramos duzentas pessoas, sendo que cinqüenta rotarianos, e ele disse que se aqueles jovens, cinqüenta rotarianos, estavam a homenageá-lo é porque realmente ele estava fazendo um trabalho sério. Eu lembro este fato para dizer que hoje nós temos outra consciência. Se naquela época o Dr. Leônidas tinha dúvidas, hoje não temos mais. Há uma necessidade de esse trabalho hoje cada vez aumentar mais. Hoje nós trabalhamos mais em equipe, ninguém ganha um prêmio sozinho. Eu, então, recebo esse prêmio como homenagem a equipe que tem trabalhado, principalmente aquela que trabalhou no tempo do Dr. Leônidas. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao Ver. Martim Aranha Filho, proponente da homenagem ao Sr. Ubirajara Lauermann.

 

O SR. MARTIM ARANHA: (Menciona os componentes da Mesa.) Ubirajara Lauermann, meu homenageado, é uma pessoa muito humilde e, quando lhe disse da minha iniciativa, quase que negou, pensou um pouco mais e me perguntou se esta homenagem não poderia ser feita a sua entidade, o Lar dos Pequeninos de Jesus. Disse-lhe que a homenagem era à pessoa do Presidente da Entidade, mas que as suas mais de cento e cinqüenta crianças carentes, deficientes, exigiam que esta homenagem fosse dada a Ubirajara Lauermann. O pedido dessas crianças encantou a Câmara de Vereadores que, por unanimidade, aprovou a outorga do título de Cidadão Emérito a Ubirajara Lauermann. E incansável em suas atividades. Estas cento e cinqüenta crianças transformam por completo a vida de Ubirajara Lauermann. Comerciante, sócio da Empresa Tamaco, juntamente com outro homenageado, meu companheiro, Presidente do meu Rotary, Nelson Arisi, faz do Tio Bira, assim como chamam as suas crianças, as mais de cento e cinqüenta crianças, faz do Tio Bira um incansável batalhador pela causa do excepcional. Este reconhecimento, Bira, Tio Bira, é da Câmara, é dos Vereadores de Porto Alegre, que representam a cidade de Porto Alegre.

Deixo, portanto, Bira, de discorrer sobre o teu curriculum vitae e faço esta homenagem em nome da Casa a ti, Cidadão Emérito de Porto Alegre, numa solicitação das tuas crianças, das mais de cento e cinqüenta crianças do Lar dos Pequeninos de Jesus, porque Ubirajara Lauermann se confunde com o Lar dos Pequeninos de Jesus, e a Entidade se confunde com Ubirajara Lauermann. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Ver. Martim Aranha Filho que proceda à entrega do título honorífico de Cidadão Emérito ao Sr. Ubirajara Lauermann.

 

(O Ver. Martim Aranha Filho faz a entrega do diploma ao homenageado.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o nosso homenageado, Sr. Ubirajara Lauermann.

 

O SR. UBIRAJARA LAUERMANN: Exmº Sr. Ver. Valdir Fraga, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Exmº Sr. Ver. Aranha Filho; demais Vereadores; Srs. Convidados; Srs. Homenageados. Ao receber este título honorífico de Cidadão Emérito da cidade de Porto Alegre, cabe-me fazer alguns oportunos esclarecimentos.

Convidado que fui pelo Vereador Martim Aranha Filho, a aceitar a indicação de meu nome para recebimento desta honrosa e singular homenagem, relutei muito em aceitá-la, pois tenho a convicção que outros concidadãos teriam maior e mais justo merecimento, entretanto por constrangimento compete-me, e faço minhas as palavras de Mário Quintana, ao receber uma homenagem em bronze: “Um erro em bronze é um erro eterno...”

Consciente de que a presente indicação de minha pessoa, decorre diretamente de nossa atuação pessoal junto ao Instituto Espírita Irmãos de Boa Vontade, entidade reconhecida como de utilidade pública municipal, estadual e federal, fundada no longínquo 3 de fevereiro de 1949, nesta cidade, que é mantenedora de uma escola de 1º grau incompleto com currículo suprindo jardim de infância, 1ª, 2ª, 3ª e 4ª séries, atendendo diariamente mais ou menos 150 crianças dos 5 aos 15 anos, todas carentes e desassistidas, oferecendo-lhes três refeições diárias de segunda a sexta-feira, mais passagem e material escolar. Possui ainda em seu quadro de atendimento, classes especiais em auxílio a excepcionais carentes, uma voltada para os treináveis e outra para os educáveis.

Paralelamente ao atendimento escolar dispensado, mantemos ainda uma Clínica de Reabilitação, contando com uma equipe de técnicos especializados em psicologia, odonto, medicina neurológica, fonoaudiologista, psicomotricista, assistente social, professora profissionalizante, além de um corpo docente voltado para o menor excepcional.

Desenvolvemos ainda uma atividade de confecção e coleta de roupas usadas, angariadas por campanhas permanentes junto a comunidade, cujos donativos na sociedade são tratados adequadamente com consertos, lavagem e reparos necessários para terem condições de uso e serem distribuídos à recém-nascidos, educandos e familiares assistidos pela instituição, cujo benefício estende-se ainda a distribuição de gêneros alimentícios, com vistas a oferecer a estas pessoas condições mínimas de subsistência e dignidade de existência humana.

Minha decisão em aquiescer ao recebimento de tão significativa comenda, decorre do dever de consciência que tenho, de vê-la nascido da representação da Entidade que presido há dez anos e na qual atuo há mais de vinte ininterruptamente, face ao que peço a todos os presentes, não visualizarem neste instante o cidadão Ubirajara Lauermann, e, sim, o dirigente e colaborador dedicado a uma Instituição, cujo mérito a tudo se sobrepõe.

Esta homenagem repetimos, não a tomamos em caráter pessoal, mas ao resultado de um esforço que não é e nem poderia ser meu somente, mas de um grupo coeso que, um dia uniu-se imbuído de um ideal de solidariedade humana, que está sintetizado nos preceitos doutrinários que o Espiritismo nos oferece, e que esta Instituição nos oportunizou a sua materialização, com esforço constante e perseverante, cujos frutos pequenos ainda, serve a comunidade em que nasci e que, elegi por minha verdadeiramente.

Não desejo findar este breve colóquio sem antes tecer alguns justos agradecimentos, que me sinto no dever de fazê-lo. Ao ilustre Vereador Martim Aranha Filho, pelo seu empenho e pessoal reconhecimento à obra de nossa Instituição, que o levou a fazer nos pinçar injustamente a esta homenagem da qual, não nos sentimos absolutamente merecedores; aos companheiros de Diretoria, que conosco dividem o suor e as pesadas angustias de manter o dia a dia de uma instituição que, como tantas outras nestes dias, desesperadamente luta tenazmente pela sua sobrevivência, diária; aos funcionários da nossa Instituição, anônimos lidadores da obra em silêncio, que se materializa na realização constante do seu objetivo; aos amigos, fonte permanente de estímulo à luta que se desdobra a cada instante e, especialmente, ao alvo querido do meu afeto, os meus familiares, que nestes últimos vinte anos de incansável trabalho, partilham conosco cada lance, realizado junto, fazendo, estimulando e injetando-nos ânimo para nunca esmorecer, com a minha reconhecida grandeza do desprendimento, que nos oportuniza o afastamento do amorável convívio, em prol de algo mais e maior, de uma silenciosa e resignada parcela de contribuição para um mundo mais feliz, alegre, bonito e justo, pelo que sou infinitamente grato. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Os próximos homenageados serão os seguintes: Nelson Arisi e Francisco Renan Proença, que serão saudados pelo proponente, Ver. Cyro Martini. V. Exª está com a palavra.

 

O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente, Ver. Valdir Fraga; Ver. Lauro Hagemann, distinto Secretário da Casa; caríssimos homenageados. Para nós coube a honra e o orgulho de poder proporcionar o reconhecimento desta Casa, o que vale dizer, do Município de Porto Alegre para duas expressões singulares do empresariado e da benfeitoria social, não só em Porto Alegre, mas no Estado do Rio Grande do Sul. Nelson Arisi e Francisco Renan Proença.

Nós temos em Nelson Arisi uma pessoa que palmilha Porto Alegre, especialmente na região sudeste, na região do grande Partenon em busca daqueles que precisam do seu amparo, do seu carinho, o que ele sempre tem para dar, para emprestar àqueles que necessitam. Lá estão as suas obras e suas benfeitorias sociais, ele que é Presidente da Indústria Tamaco, sediada no Partenon, sai a campo por aquelas vilas populares procurando dar o seu afeto e o seu apoio material. Não contente com isso, também participa da direção do Instituto Espírita da Boa Vontade. Não contente apenas com essa participação é Presidente do Conselho Comunitário Pró-Segurança Pública do Grande Partenon e leva mais ainda a sua integração social na medida em que é Presidente do Rotary Club Nordeste Porto Alegre. São apenas situações de um currículo que nós poderíamos ficar por longo tempo enunciando tarefas, encargos, funções de Nelson Arisi.

De outra parte temos a figura vibrante do empresariado rio-grandense, que é Francisco Renan Proença. Se fôssemos ler o seu currículo os senhores teriam que se acomodar melhor, porque certamente vemos o trabalho desenvolvido, o valor, o significado para a economia nacional da expressão que é o Francisco, Presidente da Fasolo, sediada em Bento Gonçalves, Vice-Presidente da FIERGS e CIERGS, Diretor-Presidente do Departamento Regional do Ciese e aí teríamos uma série de enumerações, relacionadas com suas obras sociais.

Vejam que a mim incumbiu esta tarefa grandiosa, porquanto pequeno que eu seja, de enaltecer e mostrar para a comunidade de Porto Alegre o valor e o mérito destes dois gigantes, destas duas expressões da vida sul-rio-grandense. Nós que conhecemos a nossa sociedade sabemos quão importante é o trabalho de empresários, industriais que procuram levar para as camadas mais necessitadas da cidade de Porto Alegre o seu apoio. Temos cerca de 30% da população vivendo nas vilas periféricas. Se não fossem expressões como estas, certamente seria ainda maior o sofrimento desta gente. Ele fica diminuído na medida em que Francisco Renan Proença leva o seu trabalho à indústria e procura desenvolver o seu programa de ambulatório móvel que vai levar diretamente às fábricas a assistência médica aos necessitados. Vejam que este é um trabalho para engrandecer, mas não fica somente aí a sua ajuda, procura distribuir mensalmente ranchos através do SESI para os necessitados. Não é por pouco que ele mereceu, através do seu trabalho junto à Cruz Vermelha Internacional, um trabalho social de prevenção ao uso indevido de drogas, recebeu do Rotary Internacional o título, a Comenda “Tulipa Negra” e também de outra parte o título da Cruz Vermelha Internacional.

Então, vejam, quanto importante e significativos são os títulos e o Nelson também é portador de títulos inúmeros só pelo fato de ser Presidente do Clube Nordeste já significa, e muito, para todos nós. Vejam como é significativo o trabalho desenvolvido por essas expressões que temos hoje oportunidade de saudar. São corações que acalentam dentro de si o calor humano, calor que aqueles necessitados que eu insisto em marcar, precisam e eles sabem dar. São empresários que honram, engalanam, a economia nacional. A economia nacional, se dependesse de pessoas desta ordem, não seria a oitava mundial, mas, certamente, muito mais, com expressões desta grandeza.

É por isso que devemos saudar e reconhecer o mérito de gente como Francisco Renan Proença e Nelson Arisi e o trabalho social deles também merece todo o nosso reconhecimento, merece a nossa exaltação. Nós que lidamos no dia-a-dia com aqueles mais necessitados é que sentimos o valor, o valor que não é puro paternalismo, não é apenas um assistencialismo, como querem alguns denegrir, querem conspurcar. Mas é um trabalho, um trabalho humano de solidariedade pelo próximo. E um trabalho assim tem que ser reconhecido por todos nós. Por isto, a cidade de Porto Alegre, através desta Casa, tem orgulho de reconhecer, de dar o seu reconhecimento, o seu muito obrigado a Nelson Arisi e a Francisco Renan Proença. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Ver. Cyro Martini que faça a entrega do título honorífico de Cidadão Emérito aos homenageados Nelson Arisi e Francisco Renan Proença.

 

(É feita a entrega dos diplomas aos homenageados.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao Sr. Nelson Arisi.

 

O SR. NELSON ARISI: (Menciona os componentes da Mesa.) Agradeço ao amigo Vereador Cyro Martini pela indicação e aprovação de meu nome para Cidadão Emérito de Porto Alegre, neste ano de 1990.

Primeiramente permitam-me colocar que sinto-me pequeno, para fazer jus ao título honorífico, uma vez que existem, inclusive aqui, pessoas melhor qualificadas, para recebê-lo. Constitui para mim, a confiança, uma grande honra.

No dia 17 de setembro de 1957, cheguei a Porto Alegre, vindo de Veranópolis. Hoje somos a família Tamaco Ind. Reunidas (diretores, gerentes, técnicos e operários em geral), que formam um grupo englobando quatro empresas.

Crescemos, é verdade, principalmente depois que um incêndio destruiu nossa indústria. Foi difícil, mas a solidariedade foi imensa, e em seis meses nos reerguemos. Ali no Bairro Partenon, com o apoio permanente dos amigos, da esposa Tânia e, também da solidariedade dos filhos Alexandre e Tatiane, temos hoje quinze anos de trabalho. E, para atender a outros setores da comunidade, aceitei a presidência do Rotary Club Nordeste.

A comunidade como tal é carente, e o pouco que se realiza em termos de ajuda é insuficiente para minimizar o sofrimento daqueles desassistidos, menos afortunados.

Se analisarmos os variados campos de atuação, visualizamos, por exemplo, creches, asilos, orfanatos, escolas, entidades que se não fosse a abnegação de seus líderes, procurando de forma contínua dar condições de funcionamento, estaríamos à mercê da quase inoperação destas entidades.

Todos sabemos que os dias de hoje são difíceis. O tempo, a disponibilidade escasseia a olhos vistos, enquanto que as necessidades, dos que pouco têm ou sofrem, crescem desenfreadamente.

O Estado, que tem a responsabilidade de educar, alimentar, proteger e cuidar da saúde, não pode ser chamado o “salvador da Pátria”. O governo não tem recursos suficientes e não deve sozinho ficar à mercê de críticas, pois sempre tem feito algo pelos carentes. Portanto, todos devem contribuir.

Sem ir além dos limites da paciência de todos, esclareço que recebo esta homenagem com a mesma humildade que sempre caracterizou minha postura.

Enfim, como escreveu o saudoso Érico Veríssimo, em “O Prisioneiro”, também desde cedo, aprendi a me defender de toda a palavra, toda a linguagem que desfigure o mundo, que me afaste das raízes da vida.

Somos gente simples que somente a grande generosidade do Vereador Cyro Martini poderia homenagear como “Cidadão Emérito”. Agradeço com emoção. Vereador, minha gratidão. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao Sr. Francisco Renan Proença, nosso homenageado.

 

O SR. FRANCISCO RENAN PROENÇA: (Menciona os componentes da Mesa.) Gostaria de começar agradecendo a presença dos amigos e da minha família. Mais do que isto, lembrar o apoio que tenho recebido de todos durante a minha trajetória pessoal e profissional em diferentes cidades, principalmente Porto Alegre, o motivo deste encontro.

Cultivo uma relação afetiva muito grande com as diversas cidades em que morei. Quaraí, é a cidade natal onde ainda vivem minha mãe e dois irmãos. Montevidéo, no Uruguai, era onde eu passava as férias escolares. Santa Maria foi onde cursei o primeiro científico. Bento Gonçalves é a cidade da minha esposa, dos meus filhos e onde moro desde 1972. Cada um desses locais têm a sua importância e um lugar especial em meu coração. Mas Porto Alegre é diferente. Porto Alegre faz parte do imaginário onírico, das fantasias de uma criança sonhadora que era eu na década de 40.

Sim, esta paixão é antiga e talvez só poucos entendam o que significa para uma criança os atrativos de uma cidade como esta, que só vim a conhecer em 1953. Naquela época, vivendo na fronteira com o Uruguai, nossa referência de metrópole era sem dúvida alguma Montevidéo, onde se ia de avião com a maior facilidade, diariamente até, se fosse o caso. Era como se estivéssemos no mesmo país.

Outras cidades com as quais tínhamos intercâmbio eram Alegrete, Uruguaiana e Livramento. Porto Alegre parecia inatingível, numa época em que as comunicações e os meios de transporte eram muito deficientes. Quem dera termos à disposição as carroças que o nosso presidente hoje critica. Tínhamos que nos contentar com o que chegava até nós, que era o “Correio do Povo”. Talvez por causa dele eu tenha me alfabetizado cedo. Aos cinco anos já lia este jornal e foi através dele que me apaixonei por Porto Alegre, pelo seu futebol, pelo seu cinema.

Sabia tudo o que estava acontecendo aqui e foi uma das mais fortes emoções receber a notícia da minha vinda à cidade, acompanhado de um tio. O hotel era o La Porta, a rua era a Uruguai e a programação foi, naturalmente, assistir a jogos de futebol, freqüentar cinemas e passear pela Rua da Praia.

Um ano depois, em 1954, meu irmão Miguel e eu voltamos para estudar. Moramos numa pensão da Rua Duque de Caxias, em outra da Andradas e estudamos no Colégio Júlio de Castilhos. Abro um parêntese aqui para referir-me ao meu irmão que, como eu, ama Porto Alegre e também teve a honra de receber este mesmo título. O Miguel faz idéia do que eu estou sentindo.

Porto Alegre significou para nós a descoberta do Brasil, porque na fronteira nossa realidade era muito mais uruguaia do que brasileira. Até minha mãe é de origem uruguaia e por isso carrego o Oronoz do nome. Era preciso viajar vinte horas de trem para conhecer o Brasil.

Graças à influência do meu pai, um farmacêutico prático, os quatro filhos optaram pela área da saúde. Eu, certamente o mais influenciado, me formei em farmácia, na UFRGS, faculdade aliás, onde conheci minha esposa Yeda.

Em 1959, já formado, voltei para Quaraí para trabalhar na farmácia da família. Dois anos depois me casei. Enquanto a Yeda montava um laboratório de análises, eu incrementava o negócio instituindo na cidade a duplicata, que, lembro-me ainda, precisava ser impressa em Artigas.

Recordo também que na época chegava a comprar para a farmácia cinco mil garrafas de Biotônico Fontoura, o que hoje seria uma façanha. Fiquei doze anos em Quaraí e lá comecei a exercitar o que as pessoas chamam de tino comercial. Nunca fui só um farmacêutico, sempre tentei enxergar a conjuntura de um negócio e as possibilidades que eu poderia criar.

Mas em 1972 começaria uma nova etapa na minha vida. Fui chamado pelo meu sogro, José Fasolo, para trabalhar em sua empresa. Não se tratava exatamente de um presente, mas de um desafio, pois a empresa não possuía os mil e trezentos funcionários que possui hoje. Tinha apenas cento e sessenta.

Comecei na área de vendas do então Curtume Fasolo. Um negócio que eu não entendia nada, portanto, precisei começar a trabalhar todos os dias às seis horas da manhã. Em quarenta dias fiz a programação da empresa e comecei a desenvolver as vendas no mercado interno.

Sinto muito orgulho em ter participado e contribuído para o crescimento da Fasolo, pois ela tem uma história, um passado muito bonito e pioneiro. Para vocês terem uma idéia, ela foi, pelas mãos de José Fasolo, hoje já falecido, uma das primeiras empresas a pensar em ecologia no Estado. Tanto que o atual Secretário do Meio Ambiente, José Lutzenberger foi convidado no início da década de setenta para nos orientar nos passos mais adequados em relação ao tratamento do couro e a proteção ambiental.

Procurei sempre, em todos os trabalhos, exercer atividades paralelas. Desde entidades patronais, até hospitais e fundações filantrópicas. O crescimento pessoal, pelo menos para mim, nuca seria completo se restrito somente à profissão. Eu tenho quase que uma necessidade orgânica em participar ativamente na sociedade em que vivo. Por isso, foi natural meu ingresso no centro de indústria e comércio de Bento Gonçalves, centro das indústrias do Rio Grande do Sul, Lyons Clube, Associação das Indústrias de Curtumes e atualmente como Vice-Presidente da FIERGS e Diretor do Departamento Regional do SESI.

Todas estas atividades foram e são gratificantes para mim. Cada entidade destas tem sua função social. Mas temos certeza que o SESI, pelo número de pessoas que beneficia, é instituição das mais relevantes.

Se eu tenho algum mérito; se alguma homenagem a mim é justa, eu gostaria de dividi-la com a minha família, com os amigos, com o SESI, a FIERGS e, principalmente, com os eméritos anônimos. Precisamos ter a humildade de reconhecer o trabalho invisível, porém fundamental, de tantos e tantos que adotaram Porto Alegre como lar. Não pretendo usar este espaço para fazer proselitismos. Os caros Vereadores e os amigos aqui presentes sabem que eu prefiro atuar de forma discreta. O SESI, por exemplo, já tem quarenta e quatro anos, e eu não faço nada mais do que dar prosseguimento a tarefas já iniciadas.

Como empreendedor, naturalmente, procuro deixar uma marca de modernidade e, na medida do possível, uma certa ousadia, que não faz mal a ninguém.                 Vocês devem concordar comigo que falar em questão social, até bem pouco tempo no Brasil, era linguagem e preocupação de comunistas. Nós, brasileiros, precisamos urgentemente de um novo comportamento, de uma nova atitude frente à realidade internacional. Enquanto Gorbachov troca figurinhas com Bush, a Alemanha Ocidental e a Alemanha Oriental assinam tratado de união monetária.

Sou um homem contido, que procura medir os atos e as palavras, mas acho que já está na hora de arriscarmos um passo maior. Se cento e cinqüenta milhões de habitantes resolverem andar na mesma direção, não há plano que não dê certo.

Os trabalhadores estão fazendo a sua parte. Cabe a nós empresários, aos políticos e a toda elite pensante, estabelecer uma prioridade única, que é fazer o País atingir o crescimento de que é capaz.

Gostaria de minimizar a importância de uma entidade assistencial como o SESI, no entanto não é possível; como ficaria a saúde e o lazer das mais de setecentas mil pessoas atendidas?

Evito cair no discurso fácil que critica os políticos e as instituições e que ao mesmo tempo prega o otimismo ingênuo do “Brasil Gigante”. Prefiro chamar a atenção dos presentes para o nosso papel enquanto cidadãos. Afinal, todos podemos ser eméritos, basta nos entregarmos a uma tarefa com afinco, com obstinação. Se o País vive nessa incerteza e nessa eterna sensação de que nada dá certo, alguma coisa não anda bem no nosso comportamento como cidadãos.

Democracia não é o gesto de colocar um voto numa urna. A nossa conduta antes e após uma eleição é que define o quanto somos democráticos. Então, se estamos descontentes, de nada adianta dar de ombros e murmurar que País não tem mesmo jeito. Cidadão não é aquele que habita uma cidade, é o que exerce plenamente os seus direitos civis e políticos.

Peço perdão se fui um pouco ácido nas últimas palavras e um tanto sentimental quando falava do meu passado. É que o sentimento e a energia fazem parte de mim. Agradeço a todos os amigos presentes, meus familiares, jornalistas, autoridades e Vereadores, em especial, ao Vereador Cyro Martini, que indicou o meu nome para receber este título.

Não sei qual a imagem que passei aos que não me conheciam. Gostaria sinceramente que me vissem como um homem que acredita, que faz a sua parte na sociedade com paixão. A paixão, que é a única coisa capaz de mover o mundo. Obrigado pelo título e pela atenção.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Nosso próximo homenageado é o Jornalista Sérgio da Costa Franco, e o proponente do Projeto é o Ver. Nelson Castan, a quem concedemos a palavra neste momento.

 

O SR. NELSON CASTAN: Ver. Valdir Fraga, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Ver. Lauro Hagemann, 1° Secretário; Srs. Homenageados, em especial meu querido Sérgio da Costa Franco; Srs. Vereadores aqui presentes, senhoras e senhores.

Sérgio da Costa Franco nasceu em Jaguarão, no ano de 1928. Mudou-se com a família para Porto Alegre em 1935, onde concluiu o curso secundário no Colégio Anchieta, em 1945. Mais tarde colou o grau de bacharel em Geografia e História e em Ciências Jurídicas e Sociais, ambos na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Iniciou sua vida profissional como professor em cursos na capital, com destaque para o Curso Ruy Barbosa. Foi servidor do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e escriturário concursado do Banco do Brasil. Também por concurso ingressou no Ministério Público do Rio Grande do Sul como promotor. Atuou nas comarcas de Encantado, Quaraí, Soledade e Erechim, sendo promovido para Porto Alegre em 1969, onde passou à função de Procurador de Justiça em 1976.

Iniciou sua carreira jornalística em 1949 escrevendo para os jornais “Correio do Povo” e “Última Hora”. De 1969 a 1983 escreveu sua coluna na quarta página do “Correio do Povo”, onde foi também editorialista. Em 1984, começou a escrever para o jornal Zero Hora, onde esteve com brilhantismo até janeiro deste ano.

É autor de inúmeras publicações. Entre elas, “Júlio de Castilhos e sua Época”, “Porto Alegre e seu Comércio”, “O Guia Histórico de Porto Alegre”, “Achados e Perdidos” e “Quarta Página”, este último premiado pela Academia Brasileira de Letras. Recebeu incontáveis distinções, às quais vem se somar o título honorífico de Cidadão Emérito de Porto Alegre.

Pois este homem ilustre que hoje homenageamos, eu só vim a conhecer em tempos mais recentes, através do seu rico trabalho na imprensa do Rio Grande do Sul. Foi como se fosse uma conversa diária com Sérgio da Costa Franco. Como homem inserido diretamente no processo social, as palavras do jornalista e cronista do cotidiano Sérgio da Costa Franco me ajudaram em muito a entender a realidade da nossa cidade, do nosso estado e do nosso país.

Tratando os assuntos com profundidade e com a independência que sua retidão de caráter sempre lhe permitiu, o homenageado representa um verdadeiro marco de referência para nossa orientação. Há poucos anos descobri o Sérgio da Costa Franco historiador e homem sentimental, apegado às coisas da nossa cidade. Juntos participamos do fascinante desafio e das inúmeras realizações que foi a Administração Alceu Collares frente à Prefeitura Municipal de Porto Alegre.

O Sérgio emprestou o seu prestígio e seu talento ao Projeto Cultural Memória Carris, que durante a minha gestão frente à empresa tanto interesse despertou em nossa cidade. Foram milhares de crianças de escolas de nossa capital que se enriqueceram culturalmente vendo as peças do Museu, lendo a história da CARRIS, escrita pela mão de Sérgio da Costa Franco. A estes jovens foi possível, através deste Projeto, vivenciar e sentir um pouco de como era a vida dos seus pais na poética Porto Alegre dos bondes, dos motorneiros e do alegre tipo faceiro que diariamente lá estava, indo e voltando do trabalho.

Mais do que apenas a CARRIS, Sérgio da Costa Franco é um homem que apreendeu nas suas profundezas a alma de Porto Alegre. Na sua obra o “Guia Histórico de Porto Alegre”, o nosso homenageado reúne informações valiosas da constituição e evolução da nossa cidade. Não só fazendo a compilação de material de outros autores, mas indo também a fontes primárias e interpretando os fatos, o Sérgio doou a todos nós o melhor da sua competência como historiador.

Por isso, Sérgio da Costa Franco, mesmo sendo um filho adotivo da nossa capital, eu tenho a certeza de que ela lhe dedica um verdadeiro amor materno. Para nós, que buscamos ser agente permanente no sentido da transformação progressista da nossa cidade, conhecer a sua memória coletiva, os fatos históricos, os aspectos sócio-econômicos e comportamentais que lhe deram vida, é um pré-requisito indispensável.

Não poderíamos deixar de registrar o Sérgio da Costa Franco no seio de sua família. Homem atencioso, afetivo e preocupado com sua esposa, filhos e netos. Esta é uma das facetas da coerência do Sérgio, pessoa sinceramente dedicada àqueles que lhe são queridos e também homem bastante influenciado pelo pensamento castilhista. Júlio de Castilhos foi um homem profundamente dedicado à família.

Pois no início deste ano, fomos surpreendidos pelo “Adeus às Armas”, a despedida voluntária de Sérgio da Costa Franco de sua conversa diária conosco através da “Zero Hora”. Enquanto líamos esta última coluna, nos invadiu um profundo sentimento de perda. Foi um adeus prematuro que o Sérgio dava aos seus milhares de leitores.

Mesmo que racionalmente aceitemos seus motivos, ficou em nós a vontade de ver as coisas seguir um outro caminho que o mantivesse diariamente conversando conosco. Dei-me conta que nosso homenageado não mais pertencia apenas a si mesmo e a sua família, mas também a todos que tanto gostamos de conhecê-lo e valorizamos o sentido de sua presença entre nós.

Porto Alegre precisa muito do Sérgio da Costa Franco. Na plenitude de suas condições físicas e intelectuais, sentimos a sua falta. A nossa cidade, com a autoridade de uma mãe legitimada, não aceita o auto-exílio de um dos seus filhos mais dignos.

Sérgio da Costa Franco, Dona Inês, filhos e netos, o nosso mais sincero carinho e admiração. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Ver. Nelson Castan que faça a entrega do título honorífico de Cidadão Emérito ao Sr. Sérgio da Costa Franco.

 

(É feita a entrega do diploma ao homenageado.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao nosso homenageado, Sérgio da Costa Franco.

 

O SR. SÉRGIO DA COSTA FRANCO: Sr. Presidente, Ver. Valdir Fraga; Sr. Ver. Secretário, prezado colega Lauro Hagemann; Srs. Vereadores presentes; Srs. Homenageados nesta tarde; meus amigos; meus filhos; senhores; senhoras. Foi somente por escolha arbitrária e quase lotérica, no meu caso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que V. Exªs puderam buscar na multidão urbana um cidadão comum para lhe conferir o título de Cidadão Emérito. Por isso mesmo, é com humildade que compareço hoje a esta Casa, certo de que, entre tantos outros concidadãos dignos, mas perdidos no anonimato, na atomização social e no isolamento de nossa metrópole, apenas fui pinçado e distinguido graças à espontânea opção do eficiente Vereador Nelson Castan que se lembrou do meu nome e tomou a iniciativa do Projeto de Resolução, generosamente acolhido pelos demais representantes do povo.

O momento me obriga a um exame de consciência, para ver em que medida posso ter sido útil a esta querida cidade de Porto Alegre e aos seus habitantes. Não nasci na Capital. Aqui cheguei criança, à beira dos 7 anos, num desses vendavais que sobrevêm ao destino das famílias após a morte trágica de meu pai, na cidade de Jaguarão. Apesar das limitações de uma reduzida renda, a mãe viúva soube garantir a instrução e a educação de todos os filhos, que eram sete, e nos assegurou a abertura de caminhos que nunca foram desonrosos. Lamentavelmente, ela já não se acha no mundo dos vivos, para que eu lhe transfira as emoções desta solenidade e desta hora.

De 1935 a esta data, eu e Porto Alegre temos vivido em aberto namoro. E quase sucumbo à tentação de contar as amenidades e os encantos da cidade que conheci com menos de trezentos mil habitantes, sem aglomerados irregulares, bem servida de transportes coletivos, imune às ameaças de delinqüentes cruéis. Saudosos tempos aqueles em que a maior preocupação eram os ladrões de quintal e um que outro punguista de dedos hábeis aproveitando a superlotação do bonde Floresta.

Entre o Menino Deus, onde passei a infância, o Centro, onde “curti” a adolescência e a juventude, e o bairro São João, onde fui descobrir a companheira de meus dias, conheci toda, ou quase toda, a Porto Alegre dos anos trinta, quarenta e cinqüenta. É verdade que me afastei da bem-amada capital, num longo interregno, quando as obrigações de trabalho me arrastaram para o interior do Estado, num total de 15 anos. Primeiro como funcionário do Banco do Brasil, depois como Promotor de Justiça, sofri em dois turnos o que se pode considerar um longo exílio. A despeito de minha integração nas comunidades onde operei, a verdade é que atravessei aqueles quinze anos roído de saudades, e de pescoço voltado para a querência, tal qual os cavalos de piquete quando são repontados para uma invernada distante. O retorno definitivo, em 1969, quando vim atuar no Ministério Público da Capital, demarca o reinício de uma amigação com Porto Alegre, que eu espero eterna.

Foi nesse retorno que me lancei profissionalmente à atividade jornalística, assumindo coluna no velho “Correio do Povo” e, a partir de 1984, na “Zero Hora”. Vinte anos de comentários quase diários, abordando temas de genérica amplitude, mas com preferência pelos problemas e casos da cidade, se não me deram reputação maior no trato das questões que preocupam esta Câmara, pelo menos me concederam um crédito de boas intenções e sinceridade. É certo que haja incidido em erros de apreciação e de julgamento, mas é indiscutível que fui sempre guiado pelo desejo de acertar e de não malbaratar meus espaços jornalísticos em pautas fúteis, no elogio banal ou na critica inconseqüente.

Creio, entretanto, que dei o melhor de mim a Porto Alegre, quando me dediquei a fazer a pesquisa e a divulgação de sua história. Primeiro, através de “Porto Alegre e seu Comércio”, livro patrocinado pela Associação Comercial, depois, através de “Porto Alegre: Guia Histórico”, que a Universidade Federal e a Prefeitura Municipal editaram em 1988, tive ocasião de oferecer alguns subsídios para a fixação de nossa história urbana. É pouco, ainda, perto do que a cidade merece, e perto do muito que existe por livrar do esquecimento, da dúvida, da informação improvisada. As comunidades precisam descobrir suas raízes e preservar sua memória, sob pena de se tornarem aglomerados desintegrados, amorfos e sem consciência coletiva.

Se, por alguma contribuição pessoal, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, entenderam V. Sªs que me tocava a concessão de um título honorífico, recebo-o como um estímulo a mais em minha caminhada, - digo-o com prazer - sempre favorecida pelo reconhecimento dos concidadãos. Na conta corrente que mantenho com a comunidade, ainda me considero um devedor.

Muito obrigado à Câmara Municipal de Porto Alegre, a todos os seus Vereadores, muito especialmente ao prezado Ver. Nelson Castan, e através de V. Sas, minha perene gratidão ao povo de Porto Alegre. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Estamos chegando ao final desta Sessão Solene. Esta Casa está colorida e decorada com a presença de todos os senhores, que talvez não possam imaginar o nosso orgulho por isso. Tenho a impressão de que cada coração bateu um pouquinho mais forte num determinado momento. O pronunciamento final demonstrou muito amor e carinho por esta Casa e por esta Cidade e eu dizia ao Proença que há poucos dias, num programa de televisão, eu afirmava que a minha primeira paixão era a casa, a segunda, o neto e a terceira, a família e quase que minha esposa e os filhos resolveram puxar as minhas orelhas. Mas, foi com muito carinho mesmo que recebemos todos os senhores. Gostaria que nós e os nossos homenageados pudéssemos continuar de mãos dadas defendendo o bem comum da nossa Cidade e do nosso Estado. 

Aviso a todos os Senhores Vereadores que a Sessão Ordinária de amanhã será realizada aqui, neste Plenário, no horário regimental.

Agradecemos a presença de todos, dos homenageados, seus convidados e amigos.

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Levanta-se a Sessão às 18h50min.)

 

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